2.8.01

*Branca de neve

Eu esquiei na neve, tchof tchof, com aqueles bastões. Na verdade eles até atrapalham, dá pra esquiar sem eles, ao contrário do que parece. Só ir jogando o corpo. É uma delícia. E quando você cai, você não se machuca. Afinal, neve não é cimento. Neve é macia. Se bem que tem as pessoas, que não são nada macias.
No primeiro dia só aprendi a esquiar com a instrutora. Dormi num frio cão, imaginando porque diabos não trouxera o meu walkman pra escutar techno enquanto esquiava. No dia seguinte, enquanto eu subia minha primeira ladeirinha, ouvi os primeiros acordes de “On”, do Aphex Twin. Desci a pista toda feliz e em alta velocidade – também, não sabia frear - ouvindo aquela música maravilhosa. Performei meu estabaco espetacular no final da pista sorrindo com todos os dentes que me restaram.
Teve uma vez em que quase deixei um garoto falando fino, tadinho. Eu achei que fosse conseguir frear e tomei velocidade. Em seguida me esborrachei na ladeira, pela qual deslizei desgraciosamente, arrastando um bonde de neve, meu esqui direcionando a ponta exatamente para certa área sensível da pobre quase vítima.
Bom, mas as músicas continuaram ao longo do dia. Tocou Daft Punk, Moby, Modjo. Me diverti. Aprendi a frear também. Minhas curvas foram aperfeiçoadas ao som de “Lovefool”, dos Cardigans.
E agora vendo as fotos... é que tenho noção da terrível indumentária que tive que vestir. Era um macacão verde-água e azulão. Os esquis alugados e a bota também, eram vermelhos! E eu tinha um cachecol vermelhíssimo pendendo do pescoço... E óculos escuros de camelô pra se proteger do sol... Em suma, eu parecia uma x-men, só que dos quadrinhos, não com aqueles uniformes chiques do filme.

*(repostado do servidor defunto do Desembucha.com)