25.12.02

Ça plane pour moi (Plastic Bertrand)

Vou pra Brasília amanhã. Pra não sentir falta da música de sintetizador, vou fazer um CD. O difícil é escolher as peças.
Bom, gente, até logo. Não precisam voltar aqui até o dia 4; não vai ter nada de novo.

24.12.02

Turning japanese - The vapors

Acho que estou viciada em músicas podreiras dos anos 80... depois de ficar viciada em música de anime por um tempão, consegui ir ainda mais baixo! Olha a minha playlist:
1.When in rome - the promise
2.The buggles - Video killed the radio star
3.Bomb the bass - beat dis (12" version)
4.A-ha - Take on me
5.Morrisey - suedehead
6.Depeche mode - Just can't get enough
7.Soft cell - tainted love
8.Romantics - Talking in your sleep
9.A flock of seagulls - I ran (so far away)
10.Michael Jackson - Don't stop till you get enough
11.The clash - Rock the casbah (Justo hoje?)

23.12.02

Resíduos do Santo Inácio

Eu fiquei muito boa em esconder meus sentimentos depois de viver por três anos onde todos me tratavam mal (até a orientadora pedagógica, mulher ridícula que achava que estava me fazendo bem). O resultado disso é que agora tenho dificuldade em me expressar mesmo quando quero. É como se eu tivesse ficado burocrática: às vezes, o pensamento me diz exatamente a coisa certa a fazer, mas não dá a ordem (em três vias) para a realização da ação. É como se eu desconfiasse de mim mesma. Quando eu vejo, a oportunidade de "realizar" já passou...
Blue Monday - New Order

How does it feel to treat me like you do?
When you've your hands upon me
And told me who you are
I thought I was mistaken
I thought I heard your words
Tell me, how do I feel
Tell me now, how do I feel

21.12.02

5,84 na conta corrente

Precisa dizer mais? Talvez. Que minha mãe, tendo insistido em almoçar comigo no Outback Steakhouse (conta de nós duas: 70 reais), comprar perfumes da Boticário para o meu namorado (que não usa perfume porque tem olfato sensível - e ela não sabia disso) e para a minha anfitriã em Brasília (100 reais, no mínimo), e trazido dois presentes inúteis de Brasília para a minha pessoa (um estojo de lápis, sendo que não uso estojo desde o final do segundo grau - e ela nem sabia disso! - e uma bermuda azul-pijama, cor que eu detesto desde a última vez que esteve na moda, há uns 10 anos - e ela não sabia disso também), continua choramingando que não tem dinheiro pra me sustentar. Porque será?
Talvez esse tenha sido um período longo demais, mas faz todo o sentido. Leia de novo, se precisar.
Um dia eu disse a ela: compre um par de sapatos a menos por mês (isto é: dois, em vez de três) e você vai ter dinheiro pra me dar. Ela respondeu que a sensação de andar com sapatos novos é muito boa, "você não acha?".
Eu pirei, mas claro que não adiantou. Não adiantou até hoje.

19.12.02

Matéria-prima

Almodóvar podia passar no meu condomínio e filmar uma mistura de "Edifício Palace" e "Mulheres à beira de um ataque de nervos". Além da esquizofrênica-aqui-de-cima e da escritora-com-problemas-financeiros-e-familiares tem:
1-A casa-barraco. Minhas vizinhas da frente, ou seja: duas irmãs, senhoras aparentemente de respeito, uma garota da minha idade e uma garotinha que acho que é irmã dela, além de possíveis outras mulheres, vivem a gritar umas com as outras. Meu pai diz ter presenciado a seguinte discussão edificante entre as duas irmãs:
- Vai tomar no cu!
- Vai você, que vai te fazer bem!
- Com manteiga é melhor!
Marlon Brando terá papel garantido.
2-Nosso prédio não tem um senhor barrigudo como síndico. Temos uma síndica super-eficiente igualzinha à Tia Slappy dos Animaniacs. Meu pai diz (injuriado) que ela é lésbica e mora com uma mulher. Material pra Almodóvar...
3-A velha que nunca sai da portaria. Putz, o que essa velha está fazendo ali? Sempre sentada, parece meio zumbi, nunca parece notar quando dou bom dia ou boa tarde ou boa noite.
Também tem uns bons coadjuvantes, como o casal-que-viaja, a velha-que-espia-através-da-cortina, as-crianças-que-metralham-umas-às-outras-com-a-boca, e é claro, o carro dos plásticos "Deus é Dez", "Nacionalidade:Carioca" e Fluminense.

18.12.02

Grandes bolas e almofadas

Recebi uma grana de natal e fui comprar uma almofada gigante que estava namorando há tempos. Roxa, com motivos geométricos, duma loja nova que abriu lá na Galeria Menescal. Não sou dessas extravagâncias, mas estava querendo uma almofada como aquela há tempos - e o preço era camarada...
Comprei e lá fui eu, pelas ruas de Copacabana, com aquele imenso embrulho na frente do meu campo de visão. Entrei no ônibus abraçada a ele, e cheguei na academia de ginástica, onde aconteceria a aula de bolas (ou "ball training" - prefiro aula de bolas).
Larguei o almofadão e abracei a bola. Essa aula é o seguinte: uma bola gigante, dessas de parque de diversões, só que mais resistente. Você usa a bola entre as mãos, entre os calcanhares, encaixada na cintura e de outras maneiras esdrúxulas. Você entra achando que "ah, que legal, bolinha, brincar!" e sai "ai... ai... ai...". O exercício mistura as dores de uma aula de alongamento com as dores de uma ginástica localizada ("local", para os íntimos - porque alguém ficaria íntimo desse gênero de tortura?).
O pior foi na hora de apoiar a cintura na bola, de lado. Tomei uma surra da bola! O problema é o atrito. A bola escorrega no menor movimento, e o meu tênis também não ajudava...
Enfim, saí de lá quebrada. A bola, apesar de fofa, enganou. Ela é uma gorda atlética! Felizmente pude descansar sobre a minha sedentária almofada.

14.12.02

Minha vida em preto-e-branco

As fotos do meu servidor não aparecem aqui... Se quiser vê-las clique aqui à esquerda em "desenhos e fotos".
As fotos até que ficaram simpáticas... De certo modo.

13.12.02

Mas nem tudo que vem do Oriente é bom

As lâmpadas made in China são tão ruins, mas tão ruins, que não só queimam na terceira vez que você as acende como explodem o bocal junto. E são dotadas de inteligência artificial: só estouram bocais fundamentais! A luz da sala não acende mais, donde chego sempre em casa às escuras; vou pro quartinho, onde ligo o computador com uma luminária chinfrim sobre o teclado; daí toca o telefone, que tenho que correr pra atender até o terceiro toque (maldita secretária) também às escuras, donde sempre tropeço no meio do caminho.

12.12.02

Medium aevum

Watashi no subete "chuusei" ni shite
Sukora chuushou
Watashi no subete "chuusei" ni shite
Mahi-suru shisou
Watashi no subete "chuusei" ni shite
Fukitsu yogen sho
Watashi no subete "chuusei" ni shite
Seishin mahou jin

Isso soa maravilhosamente em japonês. E em português (traduzido da tradução para o inglês)...

Tudo à minha volta, seja "Idade Média"!
Abstração da escória
Tudo à minha volta, seja "Idade Média"!
Pensamento paralisante
Tudo à minha volta, seja "Idade Média"!
Livro de maus presságios
Tudo à minha volta, seja "Idade Média"!
Exército de insana mágica

...não faz muito sentido! (Exatamente como o filme, Utena).

11.12.02

A pena mágica

Às vezes algumas coisas que eu escrevo acontecem. Escrevi aqui que queria conhecer a menina e pá, coincidências mil e eu conheço. Não é só isso não; já aconteceram muitas coisinhistranhas das quais não lembro agora. Menos essa do conto, nunca publicado, que se passava na MooNight e, no final um personagem ia embora numa limusine preta. Pois bem, um dia, voltando de mais uma MooNight horrível (porque que eu fui mesmo? não sei... algum masoquismo recalcado?), vi uma limusine preta parada num posto. E ninguém no posto. Ninguém por perto. Não consigo imaginar o que aquela limusine estava fazendo ali. Será que escrevi ela?
Claro que essa foi uma das menores coincidências e, na época, coisas desse tipo aconteciam com tanta freqüência que nem comentei com ninguém, até porque ninguém que estava ali entenderia a doideira; apenas dei um sorriso e guardei.
E hoje, surpreendentemente, a garota que nunca sai de casa saiu de casa

Bati o recorde de título mais comprido! Êêêêêê...
Hoje meu pai resolveu me levar de carro pra faculdade porque descobriu que eu andava 25 minutos pra não ter que gastar 1,30 com ônibus. Tudo bem que ele levou 40 minutos só pra se arrumar, mas fiquei feliz. Um, não gastei os meus pezinhos (e hoje eu estava lesada de sono). Dois, conheci a garota esquizofrênica do apartamento de cima, que não sai quase nunca de casa. Estava com a mãe do lado quando a gente desceu o carro. Eu dei oi e fiquei olhando pra ela tentando adivinhar se ela lembrava do Portishead ou não, aí a mãe ficou me olhando meio torto, tipo, "não encare a minha filha"! Tudo bem querer proteger, mas deve ser chato também nunca olharem pra gente... Se sou preconceituosa não é contra esquizofrênicas, é contra patricinhas...
Depois, eu e meu pai pegamos um engarrafamento monstro de pais de alunos e trabalhadores. Demoramos 20 minutos pra chegar na minha faculdade. Aí ele entendeu que, somando com a espera do ônibus, ia demorar mais do que indo a pé... além de gastar 1,30! (E eu economizo).

9.12.02

E uma borgiana

E se na verdade eu sou uma das personalidades dela? Ou ela for uma das minhas? Poft!
Hoje aconteceu uma coisa engraçada

Botei um CD do Portishead e gastei a depressão dançando aquela coreografia do início do filme novo do Almodóvar (que apelidei pessoalmente de "Poft"). Mas isso não é engraçado. Engraçado foi que a garota esquizofrênica do apartamento de cima começou a dançar também. Do jeito dela, com sapatos de sola dura que fazem tác tác tác (e estão fazendo agora). E eu ouvi. Acho que tô com vontade de conhecer ela.
- Olá louca aí de cima, eu sou a louca ali de baixo...
Afinal, quem gosta de Portishead não pode ser de todo ruim.

8.12.02

Capitalismo selvagem

Eu disse aqui outro dia que gosto de economizar, que é o meu vício, etc. É verdade. Mas por favor, jamais me confundam com outras pessoas de objetivo fútil; meu objetivo é a paz, e para a paz eu tenho que ficar longe dos meus pais (paz, pais), e para ficar longe deles eu tenho que ter um lugar para morar, e para ter esse lugar eu preciso de dinheiro, e para ter dinheiro eu preciso economizar.
Hoje tive vontade de pensar sobre a relação de certas pessoas com dinheiro... Porque não faço qualquer coisa e não por qualquer objetivo. Não prejudico e muito menos piso em outras pessoas por amor ao dinheiro. Não creio que os fins justificam os meios. Não caio na arapuca das grifes e do o-melhor-é-mais-caro. O problema é quando os outros não agem igual a mim. Aí não adianta.

6.12.02

Que besteira

A palavra tchau é muito estranha! Não tem nada a ver com as outras palavras da língua portuguesa! Tipo, três consoantes e duas vogais? Tenta formar outra palavra em português assim. "Monstro" também me intrigava porque tinha quatro consoantes seguidas.
Hoje eu vi a Maria Luiza

Exatamente como eu tinha descrito, pelo menos fisicamente. Eu até estranhei porque já tinha visto vários Franciscos e nenhuma Maria Luiza, mas hoje eu vi. Pensando bem, isso tem sua razão de ser: ML é exótica e Francisco é um cara comum (ordinary guy, hehe...), tipo o K. e outros personagens do Kafka; você vê em qualquer esquina, se souber olhar direito.
Batatas

Hoje eu comi a última coisa que sabia fazer: batata e ovo cozidos. Foi a primeira coisa que fiz que tinha um gosto realmente bom. Como não quero repetir os pratos tão cedo, senão enjôo, amanhã vou fazer um workshop culinário com minha vó; vou aprender a fazer linguado. E tenho dito.
Os Digas sumiram

E agora? Adeus mundo cruel!!!!!

4.12.02

Hoje: Irmãos de Havaianas

Encontrei o Pablo na rua. Ele cumpriu a promessa; está morando agora perto de mim, num conjugado alugado.
Estou com uma "pereba no pé", como delicadamente definiu uma colega de faculdade, e portanto estou usando chinelo havaianas até pra solenidades e premiações. O curioso é que o Pablo também estava e nos intitulou "irmãos de havaianas". Ele também estava carregando um similar do escorredor de talheres horrível que comprei aquele dia na Magal, só que numa sacola decente das Lojas Americanas (e a sacola não tinha aquele durex fechando, que as lojas pobres usam pra te impedir de roubar até a saída).
- Você também comprou escorredor?
- Comprei, pois é!
- Devia ter ido na Magal que nem eu. Saiu bem mais barato...
Parecíamos duas donas-de-casa. Viu? Aprender como funciona a casa é bão.

Scan-maniac!

Concomitantemente (CREDO), aprendo a fotografar. Estou fotografando umas coisas óbvias e lindas acima de nossas cabeças; vai ser o meu ensaio para o trabalho da faculdade. Depois que sair eu escaneio (ah, esse scan aqui pertinho...). O que posso ir fazendo por enquanto é escaneando as fotos P&B da festa. Realmente, um dia farei isso; metade delas saiu até aproveitável.
Isso aí embaixo foi o que escrevi enquanto estava sem internet

Meio fragmentado e contraditório, né? Deixa. Ainda estou me juntando os pedaços.
Agora a internet voltou, estou com uma conexão discada muito picareta, e novamente vocês terão que me engolir. Não sou muito amarga, mesmo...
Esta sou eu

Eu não exijo da vida mais do que ela me dá. O pouco que ela me dá, são limões dos quais faço uma limonada.
Acredito em intuição. A minha me diz: olhe para as suas unhas. Elas estão destruídas. Sou ansiosa, me viciaria se entrasse em drogas. Então minha única droga moderna é economizar. Capitalismo mesmo; guardar dinheiro e não desperdiçá-lo com bobagens. Tio Patinhas. Tenho dez mil limões no banco e um dia vou transformá-los num apartamento-limonada.
Quero aprender a cozinhar porque não acho justo ter alguém cozinhando para mim, ainda mais por um salário ínfimo. Mas não gosto de trabalhar, sair de casa, enfrentar expediente. Por mim, ficava dentro da minha casa a maior parte do tempo. Cozinhando e escrevendo. Traduzindo.
Quero estar do outro lado. Somente observando. Os holofotes e refletores me fazem cega. Tenho que segurá-los; tenho que ser jornalista e a fotógrafa, não a entrevistada.
Os loucos me acham careta, os normais não me entendem. Eu e JP estamos condenados a andar em cima do muro.
Música: Don’t be light, Air.

A casa do meu pai

Estou sem internet por pelo menos mais uma semana... E aprendendo a cozinhar. Meu arroz ficou rosa, o que isso significa?
Estou morando na casa do meu pai, me adaptando maravilhosamente, estou até me comunicando mais. Estou feliz mas sinto falta da Internet e dos meus CDs que ainda não vieram.
Ameacei um cara com um canivete aqui do meu pai. Acho que o DVD de “A Doce Vida” poderia ter um extra interessante se tivessem filmado o gatinho caindo e se sufocando no decote da Anita Ekberg. Minha avó está triste e não sinto a mínima culpa. A ginástica está mais perto, e o resto todo mais longe. E que verdadeira aventura é morar com um evangélico.
Tenho escrito um bocado com a solidão vespertina por aqui. Mas sem internet... Estou me sentindo diferente, mais madura. Mais fragmentada. Tenho tido sonhos novos, diferentes. Em alguns, novamente eu questiono os personagens: o que você quer me dizer? Por que você está me tratando assim?
E as respostas têm sido surpreendentes.
Ontem eu adormeci na atividade zen de pocar uma folha plástica de bolhas no escuro. As bolhas vieram com meu novo protetor de tela. Hoje, estou escutando Sunrise, do Bardo Pond, e de novo me sinto assim: zen. Estou sintonizando comigo mesma. Me capacitando a não fazer nada além de pensar. Deixando a velocidade morrer por atrito. Dormindo e acordando.
Não tenho sido mais mimada. Ninguém me oferece ajuda quando lavo a louça. Não empacotam as minhas compras depois que eu pago. Não andam 15 minutos com três sacolas pesadas por mim. Não me lembram as coisas, preciso de Post-Its. Fui fazer compras na Magal do Centro de metrô.
Minha vida é toda minha, e eu me sinto iluminada por dentro. Eu me sinto germinando. Aquela casa está com câncer. Está morta, e eu estava cheia de vida. Meu cérebro coçava.
Eu quis cantar minha canção iluminada de sol, soltei os panos sobre os mastros no ar, soltei os tigres e os leões nos quintais; mas as pessoas da sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer.