25.5.03

Jornais

Eu compro, toda prosa, "Lolita" por 10 reais num sebo. Daí, uma semana depois, eu abro o jornal e dou de cara com isto: Lolita a dois reais. Não é quanto custa um jornal? Então. Vai ser distribuído com o Globo e a Folha de São Paulo, de graça. E outros depois a 11,90.
Idiota.
Mas não tão idiota, porque a minha edição é mais fofa. Tem escrito "nymphet" e na deles não tem.
Comprei "Diário de Lô", "Acqua Toffana", "Minha querida Sputnik" (que já li, droga, mas eu tinha que ler, era perfeito) e "O Ocidente é o Acidente" (comprei a última cópia da edição. Sério). Por isto estou feliz. Por não ter comprado "Onze minutos" também...
Por falar nisso (em escritores que saem no jornal), eu saí na Folha de sábado. A foto ficou legal, não fosse pelo famigerado "olho encolhido" que sempre sai... eu fico tensa nas fotos, quem manda? Não nasci pra ser modelo, sempre disse isso.
Amanhã é aniversário do meu pai. Tô pensando em comprar uma TV com entrada pra DVD, se bem que vai ser bem mais presente pra mim...

18.5.03

Os "luluzinhas"

Como se sabe pela ranzinice costumeira deste blog, eu detesto alguns hábitos que envenenam o convívio social. A mania estúpida de 99,9% dos homens cariocas de querer ser sempre o "malandro" e nunca o "otário" torna a vida das cariocas um inferno. Não vou me estender no assunto, pelo menos as mulheres sabem do que estou falando.
"A little respect". É tudo o que eu peço. Aí o cara, querendo ser mais "malandro" ainda, resolve que vai me "filmar" (se é que vocês me entendem) sem que eu veja. É aí que se desenrola uma das cenas mais patéticas que existe.
O cara está sentado na frente do ônibus e não tem nenhuma mulher pra ele filmar à sua frente. Aí você entra e, pensando em preservar sua paz de espírito, senta atrás do indivíduo. Mas ele nota. A partir daí, ele é tomado de súbito interesse pela paisagem e fica "olhando pela janela", ou seja, torcendo o pescoço pra olhar pra você. Achando que você não está percebendo que a janela pode muito bem ser olhada a 45 graus, e não a 110 como ele está fazendo. E também que a pupila dos olhos dele não está olhando a paisagem coisíssima nenhuma. Os mais profissionais escondem isso com óculos escuros.
Isso me fez pensar no gibi da Luluzinha, não sei se vocês lembram. A menina (e toda a sua turma) conseguia virar a cabeça 180 graus! Aquilo me deixava abismada! Eu tentava fazer igual, e não entendia porque não conseguia. Mas, claro, eu era pequena. Ao contrário de mim (mas olhe lá), esses "luluzinhas" não evoluíram.
Porém, este tipo de mané não possui apenas esta técnica; ele é especialista em "olhar pelo reflexo". Sabe aquela brincadeira em que tem um espelho posicionado de maneira a que você veja a outra pessoa e a outra pessoa veja você? Ele usa isso. Ou seja, o mané brinca de "caverna": não olha para você, e sim para o seu reflexo: através dos vidros de ônibus, das vitrines, sem arriscar tanto um torcicolo - e provando que, além de idiota, é preguiçoso.
Bienal

Cara, não sei se vocês sabem... mas quando eu tinha uns 8 anos, e ia à Bienal com meu pai, ele extraía facilmente descontos de até 40% nos livros dos donos dos estandes, especialmente porque comprávamos muito... e hoje? Hoje tem que batalhar por 10%. É tudo preço de tabela. Tudo sem desconto. O preço dos estandes inflacionou legal, e os caras acham que esse é o meio de pagar! (Exceção honrosa: o estande das editoras menores, o LIBRE).
Ó, estupidez... e na van que voltei, tinha uns distribuidores de Porto Alegre conversando... falaram tanta merda, me desculpe, mas coisas que decididamente monopolizam o mercado e estrangulam a porra da distribuição... "O importante é ter livro novo, senão o leitor não volta mais na sua livraria". (Claro que também existe a culpa dos donos de livraria, mas isto é uma outra história.) E os livros velhos, cara pálida? As pessoas não dão nem chance de haver sobrevida no mercado para uma boa obra... a culpa é do marketing também, com aquela história de just-in-time, o estoque entrou, tem que sair... é a cultura do best-seller.
Mas chega de reclamar. Quem procura, acha. Achei "Lolita", aquela edição que tem uma mocinha na capa, e não aquela boneca loura cretina, por dez reais, num sebo. Sim, um sebo dentro da Bienal. Fuça que tu acha... Mas, bem, por 10 reais e em perfeito estado de conservação. Beautiful garbage.
Geralmente não compro livros que já li (creia, não tenho nenhum da Clarice Lispector, li todos os que eu li de aluguel). Mas eu já andava com a idéia maldita de comprar esse livro e ele caiu do céu bem na minha mão. Como ninguém tinha levado aquela jóia ainda eu não sei. Talvez porque estivesse escondido atrás da placa que dizia "10 reais". Sei que adoro aquela edição da mocinha na capa, com a costura dos jeans aparecendo (foi a que li, com uns 16 anos, emprestada da biblioteca, em péssimo estado). A edição tem escrito "EDITÔRA" Civilização Brasileira atrás, sim, antes da reforma ortográfica. Que beleza. Significativo eu gostar desses sinais de velhice. Transferência, aliás, porque eu fui uma leitora muito implicante; quando Humbert/Nabokov pede ao leitor pra não pular as próximas páginas, eu ("ah, é?") saía virando freneticamente. Ele me dera a idéia... E crítica, espezinhava aquela auto-piedade que ele amostrava...
Comprei "Mundo Fantasma", e não "Cão", porque se tratava da edição portuguesa. Mas só descobri isso depois que abri o plástico, em casa. Porém, era mais uma vez o caso de o aspecto do livro combinar com o espírito do livro... e não me chateei. Li tudo, devorei. Tem que ler pra entender, mas combina estar em português de Portugal porque... a Enid e a amiga dela gostam de anormalidades/coisas ímpares em geral. Também levei "Mangá tropical", um livro pra faculdade e um livro que custava 3 reais (ou um dólar!) dentro de uma editora que parecia freudianamente obcecada por sexo.
Também olhei uns livros sem comprar: "O diário de Lô", que seria a versão dela, da Lolita, dos acontecimentos (não vai vender nada porque ninguém sabe o que é Lô). Dei uma lida e não achei idiota, graças, se mais dia menos dia iam fazer uma coisa dessas, que sorte que não foi idiota. Eu pretendo comprar, assim como "O Ocidente é um acidente", "Minha querida Sputnik", "O chão que ela pisa" e, talvez, "Acqua Toffana".
Fui e voltei de van da Bienal e, aparentemente só de sacanagem, na ida e na volta tocou uma música do Ed Motta que eu nunca tinha ouvido: "Tem espaço na van". Putz.
E as editoras de quadrinhos estão ótimas.
Aliás...

O lançamento não é domingo, não. É sábado. E não é às 8, é às 7. Falha nossa. Olha:
Dia 24 de maio, sábado, às 19hs
na XI Bienal internacional do livro
Estande da Libre, no Pavilhão 4 (verde)
Riocentro
Av. Salvador Allende, 6.555 - Jacarepaguá.

16.5.03

Gato que nasce em forno não é biscoito

Minha avó por telefone:
"Mas você vai lançar um livro mesmo ou só folha no livro dos outros?".
Perfeito!

11.5.03

Overpost

Sei que já postei bastante hoje. Mas é pra informar duas coisas:
1- Um amigo meu, o Alexandre, me convenceu a fazer um negócio chamado "Humor de webcam". O que significa que vocês vão me ver falando besteira. Ainda não tá lá, mas o endereço é este.
2- Vão lançar uma antologia de autores e eu estou nela. "Geração 90: os transgressores", da Editora Boitempo. O lançamento vai ser domingo, dia 24, às 8 da noite (no estande da Boitempo, duh.).

10.5.03

E meu segundo livro...

Hoje cortei a parte do hotel. Eu vou mudar completamente o approach. Vai ficar mais dinâmico. Não quero partes chatas no meu livro.
Na verdade, fiz todo um arquivo novo, tipo uma seleção natural. O problema é que o molho do livro, a Maria Luiza, não entra imediatamente. Resolvi, então, encurtar a parte pré-ML. Quando ela entra no livro, se você ler a primeira página, já está enredado. E tem que ler até o final.
É uma maldade muito bem arquitetada. Maldade...
Esse livro ficou bem mais "filosófico"... não poderia escrevê-lo, de jeito nenhum, antes da faculdade... por vários motivos.
Quando eu publicá-lo, meu pai e minha mãe vão parar de dizer aos amiguinhos que a filhinha escreveu um livrinho. Na verdade, eles vão começar a esconder. O "No Shopping" já é bem pesado, mas dá pra disfarçar. As pessoas cegas podem não enxergar que os personagens se tratam como mercadorias ("O pior cego é aquele que não quer ver".). Mas nesse, o livro cheira a maldade. Não vai rolar suavidade.
Na verdade, estou com um pouco de medo. Mas vamos fazer de conta que não. Foda-se o medo. O medo tem que ser expulso, como ele tenta fazer com a gente. "El miedo vai comer su cabeza...". Buuu! Xôôô!
Temo que vire, por uns tempos, o que João Ubaldo Ribeiro virou quando escreveu "A casa dos budas ditosos". As pessoas entendem tudo errado... não entendem liberdade criativa... não entendem que eu possa escrever um livro mau sem ser má, apenas porque vê claramente o que é a maldade, apenas porque aquilo precisa ser dito e ninguém diz... coitado do Nabokov.
Musical

Entrei na Leader Magazine e estava tocando "She's a maniac" (sim, da trilha de Flashdance). Depois começou a tocar "Love Shack", dos B-52's. Atordoada com tanto revival, acabei comprando uma blusa violeta ("And the sky was made of amethysts..."). Deve ser alguma estratégia.
Ah, e passei na frente de uma oficina mecânica e estava tocando "Rhythm is a dancer" (sim, a do Snap!). Será que era mesmo oficina mecânica ou "clube das mulheres"?

9.5.03

Voltando à vaca fria

Depois de ver X-Men 2 pela terceira vez, e sem enjoar (é sério), estou concentrando minhas expectativas na chegada de Matrix Reloaded. Minhas expectativas e minha bandwidth. Acabei de baixar a trilha de Matrix Reloaded, e, pelo que vi, eles conseguiram transmitir a "síndrome de ponta" da franquia Matrix aos dois CDs. "Síndrome de ponta", sim, pois querem garantir que nada será facilmente copiado, e para isso criaram novas tecnologias - para o filme, para o jogo, para os animatrix's (que também já estão rolando legendados em português)...
Eu sei é que cada música, além de ser muitíssimo bem-produzida, ainda tem alguma bugiganga interessante pra gente se divertir. Facetas novas dos artistas, por exemplo. Os Deftones e Linkin Park (na genial e semi-instrumental "Session", que abre o disco e é "cantada" por tiros) estão bem diferentes do que se costuma ver. O mesmo vale para a Dave Matthews Band (sim, juro que está no cd!) remixada pelo Paul Oakenfold (ah, bom...), que aliás também participa em outra faixa muito boa, "Dread rock".
A colaboração do Juno Reactor é visível em várias músicas, inclusive incrementando o score: "Mona Lisa" é uma espécie de sonho realizado, eletrônica com os instrumentos "eruditos", saca? Lembra de "Corra Lola Corra"? Juno Reactor e aqueles violinos parece isso à quarta potência. Sei que já devem ter feito isso antes, mas agora fizeram de um jeito que simplesmente combinou. O baixo eletrônico, com os violinos, e a batida hipnótica, e os metais, e os snares, e os corais... ficou indescritível, especialmente mais pro meio da faixa. Mal posso esperar até ver isso junto com a plástica matrixiana na tela... Já estou cansada só com a música, imagine com as imagens... Vai ser aquele tipo de cena em que você esquece completamente que está no cinema e, no final, desaba na cadeira e suspira...
Além disso, e o nome enigmático, hein? "Mona Lisa"... Dá o que pensar... Fora as músicas do Rob Dougan, como "Furious Angel", que mexe com seu córtex cerebral (que deve ser aquele ponto atrás da minha cabeça que ficou pegando fogo durante a execução de "Furious").
Infelizmente, tem uns new metal perdidos no meio da trilha que só servem pra eu ter o que falar de mal... Mesmo assim, pra new metal até que não estão tão ruins.
Pra terminar: X-Men 2 está dèja rolando no E-Donkey... legendado em espanhol ou francês. Pode escolher.

6.5.03

Entre a cruz e a caldeirinha

Bom, aí eu sou obrigada a fazer uma escolha entre péssimas opções: fingir que nada está acontecendo e falar com as pessoas, o que também pode acabar em briga; ou ignorar as pessoas que estou achando, pelo menos no momento, que não vale a pena falar. Entre ser falsa e ser indiferente, preferi ser indiferente. Mas fala a verdade, é escolher entre uma opção escrota e uma um pouco menos escrota... Se bem que existe a opção "existencialista" de não ir à faculdade ou, se for, não entrar na sala, como certas pessoas estão fazendo...
Ninguém merece

É difícil escrever coisas light quando você descobre coisas não tão light... ai ai.
Lembram do post da terça-feira passada? Pois então. Cada vez se complica mais.
Sabe por quê? Egoísmo. Cabeça-dura. Auto-engano. Carência. Medo de ficar sozinho. Complexo de Édipo mal-resolvido, como disse o professor hoje. Ele também sugeriu que um bebê às vezes possa chorar sem receber colo ou carinho imediatamente. Muitas meninas se incomodaram com isso. Mas é verdade. Senão o bebê fica muito mal-acostumado e vai crescer achando que o mundo é dele. Aí, vira um monstro tirânico que faz coisas socialmente inaceitáveis para satisfazer seu próprio ego; coisas que são inaceitáveis até mesmo se disser a si mesmo que tem a melhor das intenções, que tem que pensar nele mesmo de vez em quando... E aí, meus amigos, não dá pra viver em sociedade... Até, eu, que sou anti-social, sei disso.

4.5.03

Bunker, a fronteira final

Foi difícil. Demorou muito. Estava cheio demais. Mas eu dancei muito.
Era o último dia. Irrespirável. Centenas de pessoas. Cheiro de suor. Banheiros entupidos e vomitados.
Chegou uma hora que fui no banheiro, liguei a torneira e tomei um banho.
JP, me vendo fresquinha, resolveu ir no banheiro dele fazer a mesma coisa. Enquanto isso, fiquei paradinha dentro do banheiro feminino, encostada na bancada da pia.
Uma garota veio e se deitou sobre a bancada da pia para descansar. Abri a bolsinha e tirei o relógio: eram 3:44.
De repente, sinto um cutucão. Era a garota da bancada. De novo, não.
Ela me perguntou uma pergunta com uma só palavra. Tive que pedir pra repetir, não estava acreditando.
"Loló?"
"Não" - e tirando o relógio da bolsa - "Só as horas, mesmo".
Nisso, um casal de meninas expulsa dois caras do banheiro reservado. Eles saem alegres e elas entram.
JP estava lá fora o tempo todo, mas tinha uma parede que impedia que eu o visse. Contei o que aconteceu. E terminei:
"Toma cuidado. Pelo andar da carruagem, ainda hoje você vai ser cantado por um cara!"