23.7.03

A festa de Saddam

Em "A festa do bode", Llosa conta a história de Urania, que volta à República Dominicana para revolver feridas que carrega desde sua adolescência, durante a ditadura. O livro todo é chocante, mas a parte que achei mais chamativa (sem ser a parte em que Urania pensa que os homens latinos olham as mulheres como um boi olha pruma vaca) é a descrição das atrocidades, provavelmente reais, de que Trujillo e seus filhos foram capazes.
Lembrei disso lendo a historinha (bed-time story) dos filhos de Saddam que o titio Bush matou. Coisa literária. Imaginei o repórter escrevendo aquilo com cara de nojo, meio incrédulo. A semelhança com a outra ditadura é grande. Quase que dou razão ao Bush.
Nomes: Uday e Qusay. Uday era um pitboy violento (redundei), mas com a sensível diferença de ser poderosíssimo. Pobres iranianas. Qusay era "frio, calculista" e o provável herdeiro de Saddam. Quando eram pequenos, seu pai os levava em alegres excursões às câmeras de tortura.
Não é literário? Come on... Os dois disputando a atenção do pai. Misturando as aptidões pessoais com a vontade de agradar a um homem daqueles. Uday quase mata um assessor de Saddam de porrada numa recepção com representantes de outros países. Qusay tinha a fama de ser pelo menos tão casca-grossa quanto o pai na direção do "Serviço de (falta de...) Inteligência".
Precisamos de alguém pra romancear esse troço. Já! Quem se habilita?