7.3.04

Também era obrigada a me depilar com cera quente, quase sempre me deixava com lágrimas nos olhos.
E ardia durante e depois. Também fui obrigada a usar um tomara-que-caia justíssimo na minha festa de 7 anos (imagine, eu não tinha sequer a sombra de um peito!). Acho que a culpa foi da Malu Mader em "Anos Dourados". Quando comprei o vestido, na loja, já estava apertado e eu dizia: não quero levar, está muito apertado. A mulher da loja sorriu amarelo e, lutando pra abotoar o colchete, disse: para ficar bonita, tem que sofrer! De nada adiantaram meus argumentos de que obviamente eu só
usaria aquela roupa uma vez (e foi bem cara).
Na época eu já achei aquilo de um machismo inominável. Eu era, sim, uma mini-feminista que não acreditava, entre outras coisas, que a mulher tem que sofrer humilhação e dor calada pra servir, glorificar e agradar o homem. O problema é que não havia percebido ainda que minha mãe...
1-não era assim...
2-não queria que a filha fosse...
3-mesmo que para isso ela tivesse que se tolher e se tornar infeliz.
E isso nunca mudou. Quem mudou fui eu. Tive que peitar muita gente pelo simples direito de usar o cérebro.
It's all coming back to me now.