23.5.04

Aritmética, não. Topologia.

Então, "a tensão humana entre ser e dever-ser". Maria Luiza a partir daí: ela é "tensa" como todos nós entre o que é e o que deve ser. Só que o que ela acha que deve ser é exatamente alguém não-tenso. Ela está about to explode, coitada. É literatura clássica hackeada, uma gambiarra terrível que pode não funcionar, mas não entra em puritanismos demodés, nem em hedonismos demodés idem.

Eu tenho que controlar os destinos dos meus personagens, disse eu outro dia. Mas controlar no sentido de "manutenção", tamagochi, sabe? Eles sentem fome, tesão, sono, essas coisas. Como todo mundo. Eu os faço sentir essas coisas. Faço com que sejam humanos. Porém, eles têm uma espécie de livre-arbítrio, porque se os obrigo a fazer algo contrário à "personalidade" deles (ser feliz, por exemplo), o livro desanda. Então o controle não é absoluto.
Simbolicamente, o final no-one-knows que estou planejando é uma faixa de Moebius: não se sabe quem cedeu o quê para quem ficar por cima. Amor-perfeito, ainda mais para Maria Luiza que se interessa tanto por topologia e Teoria do Caos (que ela me fez estudar... sendo que eu odeio matemática).

"Expoente da assim chamada arte concreta, Max Bill sugeria uma abordagem matemática para a arte contemporânea. Se por um lado ele negava uma expressão artística através de fórmulas, por outro defendia o uso de princípios racionais na formulação de temas que poderiam concretizar abstrações e proposições artísticas".