30.6.04

A feiticeira sente as correntes mudarem. Preparem-se para o que está vindo... sair em grupo pra jogar sinuca se tornará a nova moda, tornando a vida dos pioneiros um inferno. Os jornalistas dirão que é "um programa barato", dando a média dos preços por hora e que "permite jogar conversa fora com os amigos, distante da barulheira das boates", sendo a "versão brasileira do lounge", ou "do pub". Yawn...

Olha, a Delia. Comparem só com o meu desenho.

29.6.04

Cuidado.
Pois existem aquelas músicas que dão um arrepio na espinha, uma dor como se algo dentro de você tivesse se rachado, algo como uma coluna vertebral na barriga, uma "alma" quem sabe.
Algumas músicas fazem isso porque são extrema e intelectualmente cruéis e sabem pinçar os nervos certos (Bardo Pond, Chopin, Underworld, Bjork, Broadcast).
Outras, as pop, fazem isso de uma forma Lolita, instintiva, boboca, ingênua, que de tão ingênua acaba tocando: é o caso da "Fantasy Girl", do Johnny O, da "In my eyes" do Stevie B e da "Come Undone" do Duran Duran.

28.6.04

Momentos conversa fiada (idéia original do blog da Bia)

(Batendo na porta do quarto onde meu pai tira a soneca da tarde)
- Pai, vou sair...
- Pra onde, filha?
- Pro Garota da Tijuca.
- E onde fica isso, filha?
- Na Tijuca...

(Minha mãe, tentando ler o que está escrito na minha camisa dos Malvados)
Mãe: "É íncrível... como... ainda... nos dão... espaço... para atacar... os... inocentes. Ainda mais... sendo... uma espécie... em... extinção."
Vó: Ué... não entendi!
Mãe: Nem eu!

27.6.04

"Pois eu só correria perigo no dia em que dois times de Santa Catarina liderassem o Campeonato Brasileiro de futebol e o PFL propusesse um salário-mínimo maior do que o do PT. Lembro que demos boas risadas e eu comecei a planejar o que usaria na próxima passagem do milênio, em 3000." - Verissimo.

26.6.04

Poupando-lhes o trabalho de experimentar o Elma Chips Sensações sabor Toque de Orégano: é Doritos um pouco mais fraco cruzado com Zambinos.

25.6.04

Teria sido melhor ter ido ver o filme do Pelé! - Chaves, in "Vamos ao cinema?"

Pelé Eterno. Tô louca pra ver. Mas os filmes que quero ver se empilham como linhas de Tetris, a cada sexta de estréia...
Dia 12 de julho, segunda-feira, na Laura Alvim. Ainda tenho que saber o horário, mas o lançamento do livro-de-contos-onde-eu-tenho-um-conto é neste dia.
Beware: serotonina fora de controle.

23.6.04

Da inadequação

Pois este meu humor aí à direita nem sempre é exato. A escolha é limitada e eles não têm adjetivos imprescindíveis como Abúlica e Amuada, isto só para ficar na letra A.

E hoje saiu outra foto horrível minha, tô na Veja sobre jovens, com uma mocinha tão eufórica na capa. A culpa, em parte, é minha. Não nasci para ser modelo. Ou faço uma cara de te-odeio, ou rio e pareço uma parva. Nesta, foi a te-odeio. O lance é que não consigo ficar à vontade: primeiro porque nunca o fotógrafo está em minha casa (até porque não convido), mas num local público; e segundo porque o fotógrafo é um completo desconhecido. As "fotos de divulgação" saíram boas porque foram feitas na minha casa pelo meu namorado. E rolou Photoshop pra corrigir iluminação, só. Eu nem sei tirar aqueles nós horríveis das falanges, quanto mais gordurinhas...
Pois então, fotos de divulgação! A partir de hoje, no flog (link à direita).
Porque eu não tenho muita vaidade, mas as fotos que andaram saindo de mim conseguiram fazer essa pouca vaidade reagir!

22.6.04

Assisti a Shrek 2. Se você não viu, vá ver antes de ler este post.

O lance é que o Shrek humano (depois de tomar a poção Felizes para Sempre) é igualzinho ao meu namorado, talvez apenas com um queixo menos quadrado. Sério, achei impressionante. Parece que a Dreamworks tirou uma foto dele.
Me leva pro seu pântano, baby - a Tijuca é um pântano, pois é.
Ah, e o lançamento do livro "25 mulheres que estão fazendo a nova literatura" (pois dizem que sou uma delas) não vai ser mais dia 30! Mudou porque tivemos uns problemas na impressão. Quando eu souber nova data, horário e etc. eu informo.
Acabou a enquete. Aparentemente, o teal ganhou - 20 votos. Só votei uma vez - no teal, claro - mas suponho que outras pessoas tenham votado várias vezes. Lilás ganhou 10 votos - parabéns, lilás! Teal mais clarinho, cor-de-burro-quando-foge e flicts ganharam, cada uma, um voto. Flicts, a cor mais impopular do mundo, ganhou um voto. Creio que foi por pena, mas flicts já não precisa se matar ou ermitar na lua.
I'm a firestarter, twisted firestarter

Chamas da vingança. Ou Firestarter. Ou aquele filme em que, no final, a garotinha (a Drew Barrymore) lançava bolas de fogo contra os vilões com cara de garotinha. Quando eu era pequena, queria ser ela.
Eu me lembro, mas as pessoas não se lembram desse filme, que passava na Globo até o início dos anos 90. Charlie McGee, does that name ring a bell? Não? Então clique aqui, última chance de reconhecer o filme.
Tá. Agora, fizeram uma sequel horrível, que está passando no Telecine. O nome é Vingança em chamas (Firestarter Rekindled) e tem a Charlie crescidinha (que não é a Drew, é a Marguerite Moreau). Mas o filme é horrível, horrível. Tudo no filme é horrível: os planos dos vilões parecem os do Dr. Evil, o roteiro é forçado, os atores ruins, a maquiagem, enfim... horrível.
Mas o pior de tudo é o estrago da mitologia. Fizeram uma associação entre a pirocinesia da Charlie e energia sexual que, nossa... vou te contar, hein? A Charlie crescida deixa dois caras com as calças na mão bem na hora H, com a excelente desculpa I have to go - porque quando a Charlie pega fogo, ela literalmente pega fogo!
Rainbird, o velho escroto que, no filme original, faz a cabeça da menininha pra usar seus poderes e supostamente morrera tostado pela mesma no final, também está de volta (e deformado, como um bom vilão de James Bond). No novo filme, ele ainda tem uma quedinha pela Charlie e, adivinha, ganha um beijo dela no final e morre tostado (err... supostamente!)! Logo depois Charlie dá aquele abraço na nova cria de Rainbird, um garoto que suga energia e gosta muito da energia dela, que segundo ele é doce e satisfaz. Pois Charlie acaba matando ele de tanta... errr... energia!
Constrangedor... Me lembra aquela hora em que o Duran Duran coloca a Barbarella na máquina que deveria matá-la de prazer, mas é ela quem acaba quebrando a máquina ("Have you no shame?"). Se bem que naquele filme funciona, neste... não.

18.6.04

Eu tinha 15 ou 16 anos quando li Amanhã será o deserto e A ordem dos futuros, ambos do Ricardo Gouveia (vejam a biografia, a parte do técnico de ar-condicionado é engraçada).
Não tem as sinopses no site, então eu explico. A ordem dos futuros é um pastiche engraçadíssimo de ficção científica, realidade brasileira e métodos revolucionários. O humor está para o Brasil como o humor de O guia do mochileiro das galáxias está para a Inglaterra. Tem seus defeitos, no entanto.
O que achei mais perfeito, e que merecia uma continuação, era o Amanhã será o deserto. Uma jovem feiticeira chamada Maya Sibylla tem uma visão, através de um sortilégio, de três escolhidos que, com ela, conseguirão deixar a Cidade: um rebelde certificado, um bicheiro careca e milionário e uma negra partidária das causas raciais, atualmente insatisfeita com os rumos do partido. Maya procura um a um, descobrindo que cada um tem uma habilidade que os ajudará a sair da Cidade. E o livro, fininho, é isso: os quatro fugindo daquele ambiente claustrofóbico, um nada a ver com o outro, alfinetando-se mutuamente; no início de cada capítulo, uma ilustração excelente, que ajuda o leitor a entrar no clima preto-e-branco. A polícia da Cidade persegue os quatro, estilo Matrix, usando até de paranormais certificados (Maya é uma paranormal ilegal). Por fim, desembocam no deserto, cheio de referências nordestinas, e quando vão atravessar o Mar de Areia, o livro termina.
São livros inteligentíssimos, irônicos, que se um adolescente lê, fica fora de si. Quando precisei de um apelido para a internet, para os chats, para a página pessoal, enfim, para tudo, escolhi Maya Sibylla.
Pois como puderam ver pelas páginas acima, ambos estão esgotados. Fora do catálogo da Editora Moderna. Sacanagem. A tal da Giselda Laporta Nicolelis eles reeditam.
Eu jamais vou perder essa mania de associar literatura a música...
Lembram daquele poema do Cruz e Souza, Violões que choram, que a gente usava para estudar aliteração?
"Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas"
Pois existe algo que, para mim, é a perfeita expressão sonora do poema. (Importa se ligaram o violão a uma tomada?) O nome da música é "Rumination", do Bardo Pond. Divirtam-se.

17.6.04

A vida tenta usar de ironia para comigo: o primeiro livro que me deram para revisar na vida se chama "Unhas - técnicas de embelezamento e cuidados básicos com mãos e pés"... é um manual para manicures. Se vissem minhas unhas vocês entenderiam a graça.
E a pergunta que não quer calar

O que os fez pensar em mim como argumento de autoridade?
Vamos lá. A Veja citou meu blog dizendo que eu odeio o Orkut. Ué, mas então o que estou fazendo no Orkut? (É o que eu me pergunto.) Sei porque duas pessoas da faculdade vieram me contar.
Bom, é verdade, o post existiu, está lá embaixo. Mas um pouco mais para cima está o post em que digo que mudei de idéia, citando a Chiquinha.
Algumas pessoas colocam em quem muda de idéia o auspicioso título de vira-casaca. Vamos dizer que eu tenha medo dessa pecha e esconda, até de mim mesma, a verdade: aquela idéia não serve mais! Creio que não existem verdades absolutas, uma serve para este momento e já não serve para aquele outro - normal e corriqueiro. É inocente achar que você é um eu puro, uma personalidade formada sem interferência externa, e nada de fora deve jamais, em tempo algum, interferir (ou voltar a interferir). Ou pior que inocência, é doença.
Os melancólicos - melancólicos como na doença psíquica que recusa a morte e o luto a todo custo - jamais mudam de idéia. Na mente do melancólico, a idéia até "morre" mas esquece de deitar. O melancólico acha que, com esta morte, morre o eu que ele era há algum tempo... para ele, isso quer dizer que ele "viveu errado". A esquerda pré-eleição de Lula está assim: melancólica... quedê minha libido...?
Mas e a Veja? A resposta para o equívoco está num negócio que aprendemos na faculdade, as chamadas matérias frias. As frias são aquelas matérias que não são de assuntos da semana, podem ser adiadas, guardadas para quando tiver espaço. O Orkut poderia sair nessa ou na próxima semana, ou até na anterior. Mas o meu blog é muito quente pra sair numa matéria fria... (Agora eu deveria citar "Metamorfose ambulante", mas não vou fazer isso, ops, já fiz...).
Rodopiei... e rodopiei...
Sou disléxica, as coisas se misturam dentro de minha cabeça.
Algumas das coisas que confundo uma com a outra:

Elaine e Eliane
Beckett e Brecht
Thursday e Tuesday
direita e esquerda
Ipanema e Leblon
Visconde de Pirajá e Ataulfo de Paiva
Av. das Américas com a Av. Sernambetiba (uma dessas virou Aírton Senna, certo?)
Barata Ribeiro e Nossa Senhora de Copacabana e Toneleros (em Copacabana, evidentemente, sou uma anta)
Aristóteles e Sócrates
Vinícius de Morais e Tom Jobim
e muito mais!

Aí você pergunta como? COMO? Como você pode confundir essas coisas uma com a outra? Associações de idéias muito parecidas, não sei... É por isso que vivo me perdendo por aí. Me perdoem, não nasci pra ser jornalista. Crítica literária talvez, mas aí...

16.6.04

Enquete na barra lateral. Tem gente que ousa não gostar dessa cor atrás dos posts (esse texto que você está lendo). Diz que dificulta a leitura, embaralha, chateia etc. Não garanto que vá mudar, mas votem ao lado que vou pensar.
Lembrando que cor-de-burro-quando-foge é a cor dos chocolates que levam muito leite; e flicts, apesar da fama de ser a cor da lua, na verdade é um bege meio dourado.
Cansei de ver foto velha e feia de mim saindo no jornal. Por isso resolvi fazer (quer dizer, o JP fez, porque com ele fico à vontade, e ele fotografa bem) as minhas primeiras fotos de divulgação. Depois escaneio e ponho no fotolog. Vou pesquisar a resolução pra jornal.
Uma das coisas que mais gosto em arquitetura/decoração são cobogós. Cobogós são aqueles tijolos furados que se coloca no alto dos cômodos para arejar, e no alto do banheiro das meninas para os meninos poderem espiar.
Um dia, fui naquela casa do João Moreira Salles, onde tem aquele cineminha, ver uma exposição. E lá tinha uma parede de cobogó. Até aí, nada demais; é uma característica da arquitetura tropical refrescar as casas com paredes feitas de cobogó, em vez de fechar tudo e meter um ar-condicionado (viram, shoppings?). O negócio é que aquela parede era feita de um só cobogó. Um cobogó gigante, todo branco, que dava até para se sentar dentro. Achei o máximo.

15.6.04

Estou começando a suspeitar que o que eu chamo de pós-rock todo mundo chama de "emo". Nãão.
Lost in Translation

Os cabelos curtos, talvez num cabeleireiro usuário de máquina, somente cinco reais o corte, dando-lhe ar de noviça-órfã-menor abandonada.
"noviça-órfã-menor abandonada" deveria ser "waif", percebe?
Chega de papaizada. Tou!

Pretendo enlouquecer o leitor na veia. Desta vez não vai ter mercy. Serei franca, direta e estúpida. Você não vai ter dúvidas sobre a minha maldade. A linguagem clara como água para falar de coisas escuras como a noite. Desta vez você não vai ter a folga de tentar não entender. Vai ser fácil, relativamente fácil, de entender, mas difícil de aceitar. E você pode entender, também, de muitas formas.
(Eu vi "O ano passado em Marienbad".)
(Barroco. Grotesco romântico.)
Dialogismo, o maldito

Raduan Nassar disse que "Lavoura arcaica" é a parábola do filho pródigo ao contrário.
Se eu quisesse ser engraçadinha, poderia dizer que "A feia noite" é as "Mil e Uma Noites" ao contrário... é, pode ser.
Mas além de "Mil e Uma Noites", existe "Alice". Alice, que vira uma "rainha" no final do "Através do Espelho" e que a American McGee gotiquizou para que eu jogasse. Francisco é o Carroll encantado com sua pequena Alice Liddell de cabelos negros, o Chariar encantado com sua Sherazade contadora de historinhas que ele não pediu para ouvir... e que no fim, tocado por suas histórias, faz o que ela pediu, implicitamente, desde o início.

11.6.04

Não, você está trocando tudo. A Simone de Beauvoir era só gay, o que também era sadomasoquista era o Foucault, até onde ouvi falar.

Eu disse que prestava atenção demais nas aulas.
Soltando os cachorros

Gente louca do meu prédio. Pensa que acabou? Pois nunca acabará!
Outro dia fui pegar minha bicicleta e a velha estava lá, com sua cara de maluca e o cachorro castanho na coleira. No meio do caminho. Eu fui me aproximando, nada da mulher sair. Nem o cachorro. Resolvi passar pelo cantinho.
O cachorro latiu. Aquele tipo de latido rancoroso que começa com um rosnado surdo e termina com um AU grave, forte, que reboa. Reconheci-o: era o latido que me acordava algumas vezes depois das 10 da noite e quase sempre às 3 da tarde.
O cachorro latiu de novo. E de novo. Querendo atacar. E a velha, de braço flácido segurando a coleira, dirigia-se ao cachorro sem ter me dado bom-dia:
- Olha, Flufi (não lembro se era Flufi, mas era um nome idiota desses). A moça vai pegar a bicicleta. Olha, a moça está pegando a bicicleta. A moça vai andar de bicicleta, Flufi.
Cada vez mais o cachorro reboava alto com rancor, a mulher descrevia o que eu estava fazendo como que a um bebê e eu arregalava os olhos, perdoando o cachorro. A culpa obviamente não era dele. A dona dele é que precisava ser adestrada.
- Olha, Flufi, a moça tá indo embora...

10.6.04

Sabe aquele episódio do Picapau em que ele toca piano em cima do trem e por sobre o abismo, com um ladrão dentro do piano e um guarda atrás? A música (fodíssima) é a Rapsódia Húngara 2, do Liszt. Eu pirava com esse episódio, mas muito mais com a música.

9.6.04

Ou então ne laissez pas.
Laissez-moi tranquille

Acabei de ler que o livro "25 mulheres que estão fazendo a nova literatura" vem ofertado (pelo organizador Luiz Ruffato) à Simone de Beauvoir. Larga do meu pé, muié.
A Branka não foi sempre Branka. Ela já foi Branca. Mudou por causa do Blanka, o verdinho monstruoso. Lembrei quando meu namorado me passou isso:

VOTE BLANKA PRESIDENTE DO BRASIL!

Here comes a new challenger!
Blanka presidente, gente como a gente
Candidato oficial do partido de esquerda direita baixo cima A e B juntos.
Ah, e rodopiei.
Sur pus

Resolvi comer no McDonald's do Rio Sul. Mas depois mudei de idéia. É que lembrei do amável e-mail que sequer me foi respondido pela administração do Rio Sul:

"Hoje, andando pelo Rio Sul, observei um casal passar fumando na frente de um segurança, que nada fez. Perguntei ao segurança porque eles não pedem mais para as pessoas apagarem os cigarros. Ele me respondeu que é orientação da administração do shopping. Ora, como pode um espaço fechado e com ar-condicionado não coibir o fumo? É prejudicial à saúde de terceiros, além de proibido pela Lei 9294/96. Os fumantes são minoria da população, e o direito individual não deve avançar sobre o coletivo. Em Brasília e em outras cidades, os shoppings cumprem a lei.
No entanto, nada disso parece importar para a administração do Rio Sul. Pelo jeito, não desejam incomodar a minoria fumante. Devo adverti-los, porém, que isto desestimula os não-fumantes a freqüentar shoppings, segundo ouvi de vários. Claro que, por causa da mentalidade brasileira, ninguém chegou a reclamar, preferindo simplesmente buscar outro lugar para gastar o seu dinheiro...
Estou reclamando por eles e avisando que, enquanto isto não mudar, também não voltarei a freqüentar este shopping."


Dei meia-volta e fui comer no restaurante a quilo de 12,90.
Tenho sangue de circo e de ciganos, suspeito desde pequena. A hiper-frouxidão que de vez em quando me deixa com os ossos soltos dentro do corpo e a intuição maluca que me proporciona estados de estou-passada.
Ontem fui de bicicleta cortar o cabelo e cheguei, por algum motivo, 30 minutos adiantada. Pensando nas terríveis revistas do cabeleireiro, comecei a andar a esmo por Botafogo... parei no cruzamento da São João Batista com a Mena Barreto, pensando que aquela galeria de arte na Paulo Barreto só abria às 4, e provavelmente só para os ricos. Então minhas opções eram o Cemitério São João Batista, que acho calmo e silencioso, além de ter já sepultado um amor lá na época do pré-vestibular, que era lá perto, e também fechou, que nem meu colégio; e a Videolocadora de rico acervo, que também deve fechar logo logo com a concorrência das malditas Blockbuster. A vantagem do Cemitério era não ter que voltar para devolver nada lá no dia seguinte (ou nunca); mas de alguma forma, eu não queria parecer uma gotiquinha imbecil que vai entrando no local de dor dos outros como turista (se bem que meu avô está lá, em algum lugar). Isso não importou naquele dia, há tanto tempo; eu entrei inclusive de walkman ligado, sob os olhares do porteiro (ou coveiro), com uma fita gravada dos clipes da MTV na qual uma das músicas era "2wicky", (Hooverphonic) - mas isto era porque eu não estava em condições de me importar.
Então, me lembrei daquele filme que vinha me assombrando há alguns dias (é, me assombrar é a palavra certa). Que a Mariana falava para eu assistir, e que falou de novo quando pedi o endereço dela pro lançamento do livro: Beleza Roubada. E eu prometera pegar quando passasse perto da locadora. E devolver? Ah, eu não sabia, mas no dia seguinte, hoje, um novo e bom acontecimento me daria a chance de devolver o filme - tudo na mesma viagem...
Então fui direto na prateleira, peguei o filme, paguei e fui cortar cabelo. Duas conseqüências fortes de assistir o filme: descobri que aquela música que eu tanto gostava e não sabia o nome, da fitinha, era "2wicky" (Hooverphonic)... e a outra? A outra foi uma notícia que me contaram hoje de manhã e só depois de um tempo a grande coincidência me bateu... eu estava com a fita na mochila na hora... e ainda bem que não mostrei pra ninguém, putz.
Hoje consegui também realizar o projeto de me pendurar de cabeça para baixo num parquinho pensando em Velvet Underground. O parquinho que eu escolhi foi simples questão de impulso. E o que eu vi quando me deixei cair? Vi, ao centro do quadro, um salgueiro magnífico cuja copa verdíssima tocava a base azul-e-branca do meu campo de visão. Por trás do salgueiro, passavam carros coloridos na via expressa em alta velocidade. E por fim eu vi... estrelas. Os ossos soltos dentro da minha perna, aquela dor, aquela estranheza. Ouch. Os adultos me olhavam aquela louca que parara ali sua bicicleta e agora segurava a perna inutilizada, como a de Roberto Carlos, mas felizmente não por muito tempo. O negócio é achar maneiras de diminuir essa dor, pensei, enquanto montava na bicicleta, sabendo que o chão é pior para meus ossos periclitantes. Pedalar serve.
Eu disse que ia ser bom pro livro, eu disse.

7.6.04

Pronto. 16.
Fuck.
Outra cifra interessante é que, até agora, aparecem 7 boates diferentes no roteiro. Acho que ninguém vai querer filmar esta merda, mas frente ao impossível, tentaremos.
Bom, tem aquele cara que fez 1,99 e Filme de Amor (Bressane, certo?), mas aí vai ficar muito pirado esse filme, até pra mim, quem sabe.
São 62 páginas ainda faltando algumas cenas e sem usar espaço duplo nas descrições. E 17 músicas, meudeus. Eu contei. São 17 músicas no meu roteiro, sem contar o toque de celular do "Ode à alegria" e o refrão de "Banho de Lua" versão Silvinha que os Gêmeos cantam - e isso porque cortei muitas. Ainda dá pra cortar mais uma, mas o resto vai ter que ficar. O (outro) Beethoven e o Chopin, então, nem a pau.
Se o filme do "A feia noite" fosse em inglês, eu já tinha a tagline (a frase de efeito... sobre a imagem de impacto...):
Paid to be evil. Very good at it.

6.6.04

E não, não acabou o frio.
Ficções científicas

Não suportei "Neuromancer". Desculpe, mas é verdade. Não consegui nem terminar de ler.
Agora, "O guia do mochileiro das galáxias" (Douglas Adams) eu li quase sem parar. É um livro realmente fantástico, de humor inglês, que esculacha com os clichês de ficção científica além de fazer algumas referências políticas à vida real - como o presidente que é só fachada, ou as arbitrariedades do poder público...
Sabem aquela musiquinha do Radiohead, "Paranoid Android"? Salvo engano, o título vem do seguinte trecho:
"- Esse robô vai conosco? - perguntou Ford, olhando com repulsa para Marvin, que estava em pé, os ombros caídos para a frente, desconjuntado, debaixo de uma palmeirinha.(...)
- Ah, o Andróide Paranóide - disse ele. - É, vamos levá-lo."

Único ponto negativo: a orelha de Bradley Trevor Greive, que "escreveu" aquele "livro" best-seller, "Um dia daqueles", o do leãozinho na capa. Acredita que até eu ganhei um?
Droga. Acabou o frio.

5.6.04

Anotação mental: ir a um parquinho deserto, enquanto ainda estiver frio, e me pendurar de cabeça pra baixo, pelos joelhos, naquele troço alto de metal, tentando tocar o chão úmido, enquanto penso naquela música do Velvet Underground "Venus in furs" (porque não tenho ipod). Isto deve me ajudar a escrever o livro. É sério.
"Acho que vou dedicar meu livro à Vitamina D."
"Mas... e eu?"
"Você tem vitamina D..."
Lembrei agora de eu dizendo à minha "irmãzinha" inglesa Julie, "I'm a child", com sotaque britânico e tudo. Eu, que fiz IBEU, e traí a raça preferindo Londres. Disse isso depois de um "Thanks", que foi depois que ela me deu um dos "Snoopy around the World" que vinha no McLanche Feliz de lá. Todo dia eu comia McLanche. Tinha uma fila de Snoopy, cada um vestindo uma roupa típica diferente, na minha cômoda. "I saw you were collecting", disse ela. A Julie era legal. O irmão dela, o Paul, também.

4.6.04

As meias da Jennifer Beals me deram sorte. Já consegui a audição, agora é ver se consigo rodopiar as costas no chão.

3.6.04

Uma gracinha isso aí à direita, não? "meu humor atual".
"Evitem a fala do povo, que vocês nem sabem onde mora e como. Não reportem povo, que ele fede."
O trecho todo é muito bom e está no blog da Cecília Giannetti. Me inspirou a publicar um troço aqui que eu tinha escrito há alguns dias em outro lugar:

Você, rico, quer saber como vive a classe D?

O edredom de solteiro da Família Dinossauros formou bolinhas e ficou fino como um lençol, mas isso já faz uns cinco anos. A toalha já não era felpuda na época da compra, hoje parece uma lixa e desprende tantos fios. As garrafas de tubaína, lavadas, servem para guardar água na Cônsul do seu quitinete. O armário sempre cai a porta, mas pensando bem, praquê porta? Móveis das Casas Bahia são assim mesmo. Roupas da Mesbla resistem bravamente, lavadas com não-Omo: a moça do jornal falando em "moda da estação" causa sorriso. Antenas em V. Sandálias que se rompem na chuva. Baluartes da resistência à obsolescência programada, e ainda a rápida, a dos produtos de terceira classe.

Minha mãe rasgaria as próprias roupas da Krishna se soubesse... Compraria toalhas novas, móveis novos, roupas novas, e jogaria tudo o que tenho no lixo, com um prazer selvagem...

Eu não, eu moro onde os ovos fazem aniversário e grudam na geladeira, onde os fios correm pelas paredes e a poeira não entra por medo de se sujar. Móveis reciclados, área de risco, classe média empobrecida, diarista relapsa, cobertor de mendigo. Bagunça, ziquizira. E não me importo. O luxo não me diz nada.

Um dos motivos. Deu um puta trabalho escrever o livro, não pensem que escritor bom é sempre bom porque tem o dom, como um Cavaleiro do Zodíaco. As exigências sanitárias absurdas da boa literatura impedem que eu descanse em paz, estou sempre tesa, alerta, arisca aos sinais da selva, senão não sobrevivo, e assim seleciono as laranjas mais perfeitas, redondinhas, lisinhas, laranjinhas, e mais exigente fico. Ser pobre é bom para a literatura.

2.6.04

Comprei as meias de Flashdance e Footloose. Meias não, polainas. Prometi a mim mesma que se visse vendendo algum dia, compraria, e hoje vi e comprei. Passei o dia com elas, enquanto atualizava a lista dos convidados pro lançamento do livro em que tenho um conto, um livro só de mulheres. Atualizar listas (inclusive mailing list) é a tarefa mais ingrata que pode haver e, sabendo disso, nem mandei o currículo para um estágio numa editora em que esta era uma das tarefas. Sendo que meu sonho é trabalhar numa editora. Como resultado disso, fiquei exaurida e vou dormir cedo.
Não é preciso convite para entrar lá na Laura Alvim dia 30 de junho, então não vou mandar convite pra geral, não. Mas estejam convidados. Logo que eu souber o horário certo, aviso.
Acabei de legendar "Surplus", um documentário bizarro sobre/contra a sociedade de consumo. Não concordo com tudo, como a parte de voltar a pré-história e Cuba ser o paraíso de inocência que apresentam. Mas o filme é muito bem costurado. Mixagem pura: músicas de Gotan Project, vozes de Bush, Bill Gates e personalidades da esquerda, fábrica de bonecas infláveis de última geração, desmantelagem de navios na Índia, cubanos que já foram à Europa. Como arte, é inovador e impactante, além de falar algumas boas verdades.
Se No Shopping virasse um filme, ficaria parecido com isso. Legenda na página pessoal.
De quebra, atualizei o fotolog - com uma besteira, verdade, mas...