11.9.04

Não quero ser definida como escritora só porque desde sempre quis ser escritora. É "entre outros". Não importa que tenha sido antes de todo o resto isso de eu querer utilizar o meu PC de letras verdes para alguma coisa além de jogar (só porque o WordStar era TUDO) ao mesmo tempo em que lia Monteiro Lobato. Antes disso, percebendo as outras meninas brincando de Barbie e eu de Kate Mahoney, a Dama de Ouros (assim que se escreve?) já entendera que eu seria A ESTRANHA, uma mulher forte no meio de girlie, girlie girls. E não importa a ordem, importa? Techno, um dia ouvi falar de algo com esse nome, também se tornou quem eu sou muito mais tarde (porque o Prodigy era TUDO). E outras coisas mais, também muito mais tarde. Conhece-te a ti mesmo, estou obedecendo a uma das coisas boas daquele livro do qual tenho algumas cópias.
Retcon, sabe? Continuidade retroativa, termo de quadrinhos. Os novos fatos que um novo autor enxerta num velho personagem alteram o passado dele. Outra: a experiência da fenda dupla ("fatos do presente podem alterar o passado"). Você começa a ver com novos olhos coisas que há muito aconteceram, e então você entende. Ao gostar do que então eu chamava de techno, entendi porque gostava de Luciferama e de Tomorrow Never Knows.
Então, por mais que eu me envolva com pessoas que pensam e fazem cinema, música ou literatura, não vou me engessar numa coisa só. Não vou me emparedar. Desde pequena, aliás: o anel E a luva. O corpo E a mente. Ideal renascentista, mora?