30.11.05

down

Deprimente é cortar o cabelo como o da Amelie Poulain e perceber que ficou mais pra Rei Ayanami: pontas pra baixo.

27.11.05

As pessoas não deviam se juntar com gente igual a elas. Deviam se juntar com pessoas complementares. Senão você vai se amar no outro, não amar o outro. Toda diferença vai irritar, e você procurará fazê-lo mais próximo do que você é. Duas pessoas iguais juntas vira par de jarros, irrita quem está em volta, potencializa os defeitos do ser único que se tornaram. Duas pessoas complementares é uma simbiose, mesmo quando separadas. Quase uma telepatia.
Não adianta dois salva-vidas com o mesmo turno. Você precisa de quem esteja vivo para te reanimar, não de quem morra junto. Cada um, resgatado e salvador.

26.11.05

Quando ficamos no Rio por muito tempo, começamos a acreditar que o frio é um mito criado na Europa para vender casacos.
Até 15 graus não considero frio. Quando chove fica mais quente do que quando está sol - você vê mocinhas tiritando de frio imaginário no casaco da moda, couro, vinil, tricô, o que for. Coleção de inverno, aqui, é uma piada.

23.11.05

Sabe o que é? É que me mandaram ler esse livro esquerdista pra faculdade e, embora ele esteja todo marcado de boo!s, e daí? e até parece... eu resolvi prorromper em invectivas contra as aleivosias neoliberais, enquanto tomo um uísque com coca-cola. Se alguém está preocupado, reafirmo que sou de centro e abstêmia, mas sou eclética.
rebimboca da parafuseta

Então chegou uma vaga perfeita, na editora que eu queria e da qual estava lendo um livro (e pensando em mandar o meu pra ser publicado), com um salário horrível e uma vaga nem tanto. Para alunos de Produção Editorial, frisava.
Lá embaixo: do sexo masculino.
Não vou nem entrar no mérito de "já estarmos em 2005", primeiro porque muito desconfio da idéia de progresso, segundo que o fato do tempo passar não é mérito nenhum, ele simplesmente passa, e isso não tem qualquer correlação com a evolução ou involução do que quer que seja.
Mas eu queria sinceramente saber no que o fato do indivíduo ter um pau vai ajudá-lo a ser um melhor designer gráfico.
Da mesma forma, não me candidataria a uma vaga somente para mulheres. Aí a pulga atrás da orelha seria: no quê o fato de eu não ter um pau (e um par de peitos AA, quase não conta) vai ajudar na incumbência, seja ela qual for?
Agora me pergunta se ainda tenho vontade de mandar meu livro para esta editora de mente tão aberta. Não seria desperdício de tempo, banda e papel? Eu acho.

(Talvez tenha a ver com o motivo pelo qual eu meto medo nos caras de quiosques de informática quando entramos nas discussões sobre preços de componentes, teorias sobre o equilíbrio preço/qualidade, refrigeração, reconhecimento de drives em placas antigas, nostalgias pré-Pentium, e eu tô lá pau a pau - no pun intended.)

22.11.05

Produtividade

É o capitalismo. Depois que descobriram que somos "recursos", não pararam mais de querer nos usar. E de nos fazer querermos nos usar. Mulheres. Mão-de-obra. Há uma insistência para que você, dono de tantos "recursos" (tempo, corpo, buracos, sangue, nervos) use-os ao máximo. Extrapole-os se possível. Quer dizer: muitos amores, muito trabalho, muita hora-marcada, tudo ao mesmo tempo. Minha agenda está cheia, volte no próximo sábado.
Se você não faz isso... é um pária. Está fadado a ser chamado de vagabundo (no trabalho) ou de amélia (mulher). Você não está trabalhando/transando tanto quanto poderia, sabe?
E daí?
Quantidade não é qualidade. Muitas vezes, é o oposto, até. Porque eu posso não significa que eu deva. Não é um state-of-mind muito capitalista. Também não se orgulha de si mesmo, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal...
A produtividade atravanca o amor. O amor atravanca a produtividade.

21.11.05

É impressionante como quando estou andando no Centro com meu ipod, os manic-street-preachers das financeiras (que para piorar só vestem cores cítricas da Pantone, valha-me Deus, pelo menos os preachers de verdade vestem preto; mas cítricas são as cores do time, quer dizer, da empresa) não chegam nem perto. Agora, quando estou sem os fonezinhos brancos, eles só faltam me segurar pelo pulso como as ciganas. Vê, para os preachers eu digo não, obrigada; para os chatos cítricos eu sequer me digno a olhar. Dou-lhes a volta como o Peter em Office Space.
As financeiras só selecionam gente pobre com vontade de vencer. Todos eles têm um brilho nos olhos; é como se estivessem em Malhação ou Barrados no Baile. Andam em bandos, às vezes, os dois caras do grupo fazendo gracinhas para as meninas, que riem ou tentam responder à altura. Daí um deles se destaca inesperadamente, aproveitando os dentes já de fora, para abordar a primeira aposentada incauta. É assustador.
Devo estar mudando, pois antigamente faria planos de parar e ouvir a ladainha deles uma vez só por curiosidade e, com grandes olhos inocentes, deixaria abundantemente claro que minha vida está completa e que todos os meus sonhos caros estão por ora realizados. Mas não.

18.11.05

nothing personal, but everytime i look at you i remember world's going to hell

- Essa novela nova tem o núcleo pobre em Vila Isabel. Eu moro em Vila Isabel e não é nada daquilo? Ninguém se conhece nem se fala daquele jeito. Nem cumprimenta no elevador.
- É que você não está familiarizada com o sistema de escolha de nomes da Globo. Eles têm uma caixa de sapatos com um furo na tampa e, dentro, papéis com nomes de bairros da Zona Norte, e quando vão fazer uma novela nova metem a mão lá dentro, "e o nosso núcleo pobre vai ser eeeem... VILA ISABEL!".

16.11.05

Lição

Filhinhos, nunca peçam prorrogação de um prazo de entrega a um professor de retórica.
Parece óbvio, mas tem gente que não sabe. Então explico. Ele não vai dizer que sim, nem que não: vai discursar carochinhas pungentes e ameaçadoras que fazem aparentar que a escolha é toda sua enquanto dedilham a neurose patriçola por notas-altas, e isso fará com que a aula se estenda bem mais do que o previsto.
Repito, parece gritantemente óbvio mas tem gente que não sabe. Quando a menina começou a balbuciar molengamente que "aah, mas tem que ser no dia tal..." eu já comecei mentalmente o mantra do oh shit oh shit. Imagine, tentar enrolar um professor de retórica! Devia ser reprovada só por exibir que não aprendeu coisa nenhuma.

15.11.05

nota

Ir numa boate para prestar atenção e se concentrar. A observação é mero efeito colateral. Verbo fitar.

12.11.05

O pé do livro

Está num pé de banho-maria. Espero algum editor ter condições econômicas e vontade política de publicar sem que eu tenha que pagar por isso. Estou em três ou quatro, duas já deram resposta positiva e as outras nem sim nem não. Das que deram resposta positiva, uma é grande e outra pequena; vou com a que for primeiro/melhor. Não ligo para a distribuição (a suposta grande vantagem da grande), com o No Shopping a distribuição consignada correu bem. Acho que ele não precisa de profecia auto-realizável, do tipo colocar o livro na estante dos mais vendidos e ele se tornar mais vendido (quanto se aprende em Produção Editorial!).
Quero, também, os direitos de filmagem e controle sobre a fonte (Baskerville, a geometricamente correta), a diagramação, a capa. Controle, não, eu quero é fazer. Eu vou fazer. O projeto gráfico da pequena é perfeito porque não exige (nem permite) uma foto. Não quero mostrar a cara. Mas eu queria umas bossas tipo verniz na capa e este não permite.
Quero que esse livro saia logo, de preferência em janeiro - ele se passa todo num janeiro. Me disseram no mínimo março. Agora a CPI vai até abril, e isso vem ao caso, de certa forma, assim como o fato de ser 2006 - o livro se passa em 2002, get it?

Como tenho tempo, estou revisando à moda obsessiva. Imprimo, leio tudo, uso uma caneta que veio numa revista Coquetel, copio tudo pro computador com as marcas de revisão acesas, imprimo de novo, agora uso um pilot roxo que tem uma etiqueta minúscula "Simone - T.71". De vez em quando perco esse pilot e uso a lapiseira 0.5.
Agora fiz uma maldade muito grande. Algo que sei que muito escritor não tem peito pra fazer. Eu li o meu livro todo e selecionei as partes mais ruins ou que destoavam do resto. Aí vou fazer outra coisa - essa, que muitos críticos não têm peito pra fazer: sugerir algo melhor ou dizer, é, vai ter que ficar ruim porque não consigo pensar em nada melhor.

- tirar o x da primeira noite (caso do caminhão)
- a 3a noite está muito "realismo mágico"

- encontro com os gêmeos (12a noite)
- 8a noite -> enfermeira (huh?)


So's... tá indo.

9.11.05

unnecessary roughness

Tinha uma certa professora de sexta série, ok, que não gostava de um certo aluno. Ela contou certa anedota sem graça (como são 90% das anedotas de professores, pelo menos os de primeiro grau). Sei que o comentário do garoto que ela não gostava, num tom animado, foi:
- Que coisa mais... irreverente.
(oh, shit.)
A professora fez uma cara sádica e pediu:
- Mais o quê?
(shit.)
- Isso, foi super irreverente.
Pausa sádica dois.
- Irreverente? Como assim? Irreverente não se usa neste sentido, não, L.C. (shit!) Acho que você quis dizer outra coisa, "bizarro" ou "incomum", por exemplo. Acho que você não sabe o que quer dizer irreverente.
- Obrigado, professora. Só me permita fazer uma observação. A senhora podia ter dito isso sem humilhar um aluno só porque sabe mais que eles. (holy shit.) A senhora é uma educadora.

Eu pensava uma série de palavrões de constrangimento por eles, enredados em whatsomething.

8.11.05

A delatora

Eu vivo olhando para a tv com uma sobrancelha levantada, pensando isso não me é estranho. Memória musical. Baixem as seguintes músicas (links pro Emule) e reconheçam onde as trilhas publicitárias andaram "se inspirando":

O novo anúncio da Knorr termina com uma imitação de uma parte de uma das músicas do novo CD do U.N.K.L.E., Never Neverland. Ela se chama In a state.

Um shampoo que anuncia no SBT vampirizou o estilo do Moby (principalmente o de Hymn).

A trilha do comercial da Petrobras que passava depois da Fórmula 1 era uma corruptela da Hotride, do novo CD do Prodigy.

Um comercial de carro meio antigo usava o mesmo tema de The river, do Enrapture.
Informação inútil do dia

Depeche mode: dépêche, substantivo do verbo francês dépêcher ("se apressar") destituído dos acentos como se usa no inglês. Modo turbo, dir-se-ia.

"Things get damaged
Things get broken
I thought we'd manage
But words left unspoken
Left us so brittle
There was so little left to give"

7.11.05

moody's

Ah, agora sim, essa é a rádio perfeita. Você fica mimado com um bicho de 20 gigas só com as músicas fodas dentro, aquelas que você recolheu pacientemente por toda a sua vida, aquelas que você vibra quando toca na festa (em especial se a festa está meio chata).
Então porque a gente passa a música, meu Deus? Se foi você que escolheu a dedo, você mesmo, não tinha como errar, né? Se você é o programador da rádio... como é que não consegue acertar?
O iTunes (o programa que vem junto com o iPod e é uma porcaria) tem uma nova versão que inclui gerenciamento de moods. Você associa certas músicas (ou listas delas) a determinados "humores", e assim você poderia escolher entre
- "Kawaii": Zero 7, Goldfrapp, trilhas de anime shojo.
- "Misty": Boards of Canada, Four Tet, Bardo Pond.
- "Squeaky Yoko": Bjork, Kate Bush, Tetê Espíndola.
- "Fodam-se os meus tímpanos": QOTSA, Ramones, eletro etc. (Na verdade o espírito dessa não seria muito diferente da Squeaky.)
Não vou nem tentar. Sei que será mais tempo perdido e mais decepção. Estou usando o plugin do Winamp, melhor. E deixa fazer umas barbeiragens que o outro programa não deixa, como chupar a música do iPod pro HD.
Por enquanto, conhece-te a ti mesmo. Serve pra montar a lista do iPod.

3.11.05

Como eu suspeitava. Depois de atravessar duas ou três páginas de guia quatro rodas sobre a bicicleta, fui dar no aeroporto. Sabem o que isso significa? Que dá para ir de bicicleta ao aeroporto. Sei, parece óbvio, mas para mim é coisa grande. No cabs for me, thanx. Mas o melhor não é isso. É que usar a ciclovia para chegar ao aeroporto, em caso de Força Maior (comoções civis, guerras, maremotos causados por geleiras derretidas, golpes de estado algo repentinos que persigam cabeças pensantes e as mandem ser reeducadas no campo, nada contra um bucolismo ocasional, gosto das vaquinhas e converso com as plantas, mas definharia sem um computador), é uma boa rota de escape. Se os carros não tiverem essa idéia antes e invadirem. E se a aeronáutica não estiver distraída, destruída, envolvida. Também tenho economias em estoque. Acho que estou paranóica.