22.11.05

Produtividade

É o capitalismo. Depois que descobriram que somos "recursos", não pararam mais de querer nos usar. E de nos fazer querermos nos usar. Mulheres. Mão-de-obra. Há uma insistência para que você, dono de tantos "recursos" (tempo, corpo, buracos, sangue, nervos) use-os ao máximo. Extrapole-os se possível. Quer dizer: muitos amores, muito trabalho, muita hora-marcada, tudo ao mesmo tempo. Minha agenda está cheia, volte no próximo sábado.
Se você não faz isso... é um pária. Está fadado a ser chamado de vagabundo (no trabalho) ou de amélia (mulher). Você não está trabalhando/transando tanto quanto poderia, sabe?
E daí?
Quantidade não é qualidade. Muitas vezes, é o oposto, até. Porque eu posso não significa que eu deva. Não é um state-of-mind muito capitalista. Também não se orgulha de si mesmo, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal...
A produtividade atravanca o amor. O amor atravanca a produtividade.