30.6.06

Sadakinhas

1.Menina Pastora Louca (peguei daqui)
2.Tidinha Xuxinha (bangles!)
3. Não achei um vídeo da Mãe Lôra e acho que estou feliz por isso.

Agora digam que eu deveria ser patriota.

Ah, sim, e já que estamos falando de coisas toscas, veja o clipe de Superfreak.

28.6.06

cluelessness

Meu cabelo está azul e mantenho um blog - isso causa uma certa confusão, acabam me colocando num balaio de siameses quando sou angorá. Por um lado acho ótimo essa confusão, o leitor não tem nada que conhecer the real me, isso é pros amigos (que agüentem). Mas pelo bem da literatura eu acho bom organizar essa gôndola um pouco. Ironicamente, para isso eu vou ter que falar de mim.
É que, veja bem, eu não sou desestruturada e confissões-de-adolescente; fui evangélica durante toda a adolescência, ao mesmo tempo em que freqüentava clubs e raves - sem qualquer uso de bebidas, fumo ou drogas, e mesmo de beijos. Não era privação forçada, era um suave desprezo lúcido. Atenção e implicância insistentes e tendenciosas, que aplicadas a outras mocinhas produziram resultados fora de série, me congelam instantaneamente de dentro para fora.
Eu sou um personagem inverossímil: quando conto minha história as pessoas burras acreditam, as comme-ci comme-ça me chamam de mentirosa e as inteligentes ficam com água na boca.
Eu acho isso meio transgressor e sincrético, porque se houve uma era em que o cool era incompreendido (certo, Ferris Bueller?), hoje em dia é cool ser cool. Já existe mais aceitação para o tipo certo de escrotice, o que acho ótimo, mas a total incompreendida da vez é a falta de noção. Às vezes ela é saudada por risos nervosos, às vezes apedrejada em praça pública; mas colocada no pedestal, ah, isso não. Ainda não.

27.6.06

O púcaro búlgaro

Não sei dizer se o Ladytron prova que existe a Bulgária, ou se só torna sua existência ainda mais dúbia.

26.6.06

banhando-se na própria sujeira

Prum escritor, trabalhar numa editora é muito como estar numa banheira. There you are, convivendo com um monte de livros, e seu trabalho é ler e escrever. Depois, você sai e vai escrever e ler - lazer. O trabalho se parece com lazer e o lazer se parece com o trabalho.
Ademais, produção editorial em si já é anatomia-pornografia, já que o curso é devassar e freqüentemente tocar os recônditos do livro e aprender todas as suas idiossincrasias e chatices. Você também aprende a ser mais matreiro que a editora e burlar as limitações da matrix - o espaço quadrado dos cadernos literários e livrarias. Você sabe se uma edição é boa só pelo matiz da lombada. Você não vai aceitar Chamois em lugar de Pólen, nem copidesque feito por estagiárias chamadas Leca - no-no! Em suma, você será uma peste. Espetará com um tridente os traseiros dos editores em seus pesadelos. Por outro lado, você fará como nos trabalhos em grupo de sua infância e tomará o fardo todo para si. Quero fazer capa, diagramação, orelha, quarta capa, release e divulgação, tá?
Rumpelstiltskin

Adoro ler textos rumpelstiltizados pelo scanner. Especialmente textos acadêmicos.
"lan tnabalha.r corn a teoniracbo mWxisla", por exemplo.
Acho que eu posso ser acadêmica, mas só esquema pós-Baudrillard. Quer dizer, se puder ser uma espécie de pitonisa atômica, publicando textos a la Philip K. Dick, com títulos esdrúxulos e conclusões desconcertantes. MAS com argumentação impecável, só pra manter um pouco a linha e não desperdiçar o dinheiro do contribuinte. Hoje em dia deve ser uma das poucas formas de gritar a verdade de um lugar que as pessoas ouçam. Aliás, acho incrível como as teses têm que ter "tema inédito" e as pessoas conseguem escrever uma igualzinho à outra. Elas de alguma forma sabem, ou aprendem, ou acham, que têm que entrar naquela fôrma.

25.6.06

60's vibes

Que coisa boa essa música: Back street luv (Curved air). Tão tarde chuvosa de sábado.

24.6.06

Réquiem para uma geladeira

Embora eu seja magra por vias absolutamente naturais, minha geladeira tem se comportado como a de Réquiem para um sonho. Certo sábado às sete da manhã um estrondo enorme assustou meu namorado que assistia o Globo Ciência no silêncio sepulcral da minha torre de marfim. O tal estrondo passou a se repetir de hora em hora. Achei que fossem os canos do banheiro entupindo, cheguei a reclamar com o porteiro. Que nada, era o motor da geladeira pifando. Uma especialista no assunto me garantiu que nada mais restava a fazer; o custo de um motor novo era quase igual a de uma geladeira mais compacta, mais econômica e mais moderna. A mesma solícita desconhecida garantiu que passara pela mesma situação e que, tendo decidido esperar o ferro-velho pifar definitivamente para então comprar uma nova, sua geladeira teve uma sobrevida de cinco anos. Cinco anos de TRUNCT intermitente. Ótimo.

22.6.06

Acho que ficção científica está na moda de novo. O Robert Kelly e o Darren Aronofsky estão fazendo - respectivamente, sacaneando a indústria de cinema com aquela velha história de 'fenda no mundo' e filmando o que pode ser o novo Matrix sendo o McGuffin da vez a fonte-da-juventude. Agora, descubro que o Danny Boyle, que nem acho tudo isso mas ganhou minha simpatia com Extermínio (Trainspotting é um bom filme, mas perdeu com os pulos de alegria desvairada da subcultura retratada - filmes assim sempre perdem), está fazendo o scifi dele também. E é uma aventura espacial.

19.6.06

os poderes do iPod

Estou colecionando rimas auditivas do modo shuffle do iPod. Por exemplo: quando desço da bicicleta e começo a empurrá-la pela calçada, no trecho que é contramão, sempre toca Walking on the sidewalk, do Queens of the Stone Age. Bem, não sempre, mas já aconteceu umas três ou quatro vezes. Tem outras.

- Quando encontrei uma barata no bicicletário, tocou Style, Orbital, que é uma homenagem ao Metamorfose de Kafka.
- No exato momento em que corri os olhos por uma revista na banca que anunciava "PERCA 12 kg" e achei um absurdo, começou a tocar Ana's song, Silverchair, que fala sobre anorexia.
- Quando resolvi experimentar o vagão só pra mulheres do metrô estava tocando Where is Jack the Ripper, Grooverider.
- Enquanto lia o livro sobre teoria do caos no metrô, tocou Balanced chaos, Roni Size.

12.6.06

Ontem fiquei 6 horas dançando - e, quando digo dançando, quero dizer parando uma vez para comprar água/ir ao banheiro e o resto do tempo obedecendo fielmente ao putz-putz-putz ou tschh tschh tschh. Devo assinalar algumas tendências: as pessoas ainda não sabem dançar minimal - requer concentração, precisão e coordenação motora, nenhuma das quais muito presentes no modo como a maioria dos cariocas dança eletro e lenha em geral, ou seja, sem obedecer às particularidades da evolução do som. Acho que é por isso que algumas pessoas não gostam de minimal: não gostam de ter trabalho. Outros, e estes desfrutam de minha compreensão e apoio, são sujeitos a badtrips a partir daquele barulhinho que parece que você está imaginando. Sabe aquelas pessoas que não gostam de sonhar porque quando têm um sonho, é um sonho ruim? Então.
Mas um efeito colateral que eu gosto é que, quando você volta de um troço desses, você está com um quilo, um quilo e meio a menos. Típico é sua mãe declarar que você está acabada - não, mãe, são apenas as bochechas diminuindo de tamanho.
Também nessa linha "perca peso se divertindo", tem meu esquema anti-aborrecimento pro primeiro jogo da Copa. Trabalhar até 1 da tarde, depois pegar o metrô pra casa. Transporte coletivo pouco antes do jogo? Ha ha. Vou e volto do Centro de bicicleta, é menos estresse.

10.6.06

Ovalle no Emule

De todos os presepeiros, o que mais gosto é Jaime Ovalle. Conhecem a sua Nova Gnomonia (modesta teoria para a classificação da humanidade)?
"Dantas, Pará, Mozarlesco, Kerniano e Onésimo. Dantas é o puro, desinteressado, meio angélico; Pará é o arrivista ambicioso, que quer aparecer e furar na vida de qualquer jeito; Mozarlesco é o que leva tudo a sério, acredita na pedagogia, na importância das estatísticas e confia no poder redentor do voto secreto; Kerniano é o impulsivo de estouros incontrolados, mas de alma boa; Onézimo é o que faz a conversa animada morrer quando entra na sala, constrangendo misteriosamente."
Oh, dá para fazer tanta coisa com isso. Numa revista da Azougue tem uma entrevista completa com Ovalle, apontando alguns exemplares de cada gênero e explicando seus nomes. De Dantas, ele perfila Jesus Cristo e São Francisco de Assis, por exemplo. Vejamos alguns atuais:
Com Pelé Copa do Mundo era Dantas, agora virou Pará.
Kelly Key é Pará. (hoje em dia o mundo virou um grande Pará)
Cristóvam Buarque é Mozarlesco.
Lula é Kerniano. (muita gente o acusa de Pará)
Lembo é Onézimo.
Acho que sou Onézima com uma pitada de Dantas e namoro um Mozarlesco que é Kerniano na medida certa. Não tem um pingo de Pará por estas bandas...

Mais alguns links Ovallianos:
Post do Anônimo Veneziano que explica a fonte dos nomes das categorias e nomeia seus próprios exemplares de cada gênero
Música: Azulão de Ovalle e Bandeira no Emule.
Estava aqui matutando e cheguei à hipótese (não conclusão) de que o segredo pra se escrever direito inclui egotrips sim, mas uma egotrip em benefício do leitor, não seu.
Ontem escrevi uns seis parágrafos de memórias da minha vida escolar de um jeito que ficou legal. Depois escrevi mais alguns sobre meus pais. Tudo sem aquele jeitão-diarinho que é urticário e extensivo. Ficou meio Mark Twain, e não Dickens' David Copperfield, e nem Salinger either. Eu passo por cima de "fatos marcantes" e fico metade do texto falando da minha amiga que jogava Altered Beast. Mas considero impertinente ficar falando o tempo todo da própria vida. Pra publicar isso eu teria que trocar o nome de todo mundo, usar alter ego, essas coisas. Aliás, alter ego serve pra isso: diminuir a carga de auto-referência. Só que hoje em dia, as pessoas usam para aumentar - vide o texto mais abaixo sobre verdade x mentira na literatura (pronto, já fui bastante auto-referente por hoje).

6.6.06

brasileiro não desiste nunca - such a biotch

Brasileiro não gosta de opção. Ele acredita numa coisa que escolhe rápido, como que por instinto, e a persegue com furor canino. Sinal, por exemplo. Nos outros países, as pessoas aproveitam o sinal vermelho para divagar. Suas mentes voam. Bons romances devem ter sido gerados assim. Quando o sinal abre, é possível que a pessoa não repare, e muito possível que a pessoa de trás não repare também, ou, se reparar, não se importe e não taque a mão na buzina! Aqui, quem pensa é sonoramente castigado. Exemplado. Exemplado, entende?
O brasileiro vê um sinal vermelho e entende isso como uma afronta à sua liberdade de ir e vir. Portanto, no sinal vermelho, seu vetor está vigorosamente apontado para o DESTINO FINAL. Parar é interrupção do que ele estava fazendo; sinal vermelho é obstáculo que lhe é interposto. Quando o sinal é vermelho, o brasileiro fica pensando: sinal, sinal, sinal, sinal, sinal, até o bonequinho começar a piscar para o pedestre, donde ele (sinal, sinal, sinal) avançará pitbullianamente o carro sobre a faixa, já tomando alguma atitude maquinal para concretizar o vetor.
Isso poderia ser positivo. Poxa, isso tem muito potencial para se tornar positivo. Mas os DESTINOS andam uma porcaria.
- Ela é abusada...
- OU-SA-DA! É isso que ela é: OU-SA-DA.

(Ousada num parece um nome árabe?)
Quando vão usar algum vocábulo algo incomum, as pessoas pronunciam-no alto e claro para as outras entenderem. (É o certo.) Eu não. Eu mio.

- Não sei. Não estou gostando. As pessoas estão muito erráticas.
(pausa)
- O quê? VOCÊ FALOU ERRÁTICAS?

Da próxima vez usarei "frenéticas"? Não sei. Ser precisa é uma profissão.

5.6.06

Eu aviso que sou chata e as pessoas dão risinhos: quê isso... pois hoje eu vou provar.
Eu não sei que que as pessoas têm com: Almodovar, Cazuza, Chico Buarque, Darcy Ribeiro, Kerouac, Henry Miller, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues. Há as pessoas que eu gosto mas a idolatria toda em cima estraga: Fernando Pessoa, Clarice Lispector. Engraçado que guardo um sorriso simpático pra gente pra quem muitos torcem o nariz: Fernando Sabino, Lukas Moodysson. E gosto mesmo de gente que acho que quem conheceu acha bizarro: Darren Aronofsky, Pen-ek Ratanaruang, Richard Kelly, Nabokov.