29.3.07

O que me deixa puta da vida é mania de brasileiro ser moralista com os outros quando se está certo (e quando se está no horário de almoço) e todo o resto do tempo agir segundo a Lei de Gérson (a de "levar vantagem em tudo", para quem não é daqui). Ou seja: linchar assaltante na rua todo mundo quer, mas guardar papel de caramelo no bolso nem pensar, o chão taí pra isso.
Todos se comportando direito o tempo todo, com justiça social e paz entre os homens seria apenas uma outra espécie de inferno. Talvez por isso os países nórdicos de IDH alto tenham tantos suicídios. A Inglaterra resolveu isso inventando os punks, que ainda por cima aqueceram a indústria de moda e fonográfica. (A Inglaterra é o meu país preferido.)
Mas o brasileiro se comporta - e é aí que a porca torce o rabo - como se fôssemos o povo mais honrado do mundo quando a própria realidade documenta o oposto. Isso sim dá muita vergonha - pela negação infantil, óbvia, e inútil; e pela covardia em assumir o que se é ou então mudar.

Aliás, eu vi O cheiro do ralo. E gostei. Não é o filme da minha vida, mas não é o desastre que Nina (do mesmo diretor, Heitor Dhalia) foi. Ele está acertando a mão.