21.6.07

Disciplina

Um dia vou fazer um livro que aborda o que nunca vi nenhum manual de escritor abordar:

Como tratar suas idéias.

Tem muitos dizendo para não usar gerúndio e encurtar os períodos, mas qual. Acho que as épocas em que escrevi pior na minha vida foram as épocas em que tive as funções sintáticas e afins abrigadas na cachola. Foram curtas. Com a aprovação no vestibular, puxei a descarga.
Tenho idéias sobre idéias, que me parecem bem mais importantes e interessantes do que leréias sobre onde posicionar um sujeito. Idéias para disciplinar a cabeça e ter mais idéias. Assim o bloqueio de escritor passa a ser uma espécie de anedota. Você pode até se perder no caminho, mas vai sair da floresta em cima de um elefante.
Por exemplo, o dicionário de sinônimos do computador emburrece. É um fato. Mas você sabendo como usar, pode até ficar mais inteligente. Você apertou shift+F7 e as opções que pularam na tela não agradaram? Procure lembrar de outras. Tantas quanto puder. Digite uma por uma, enquanto olha para o computador com ar de superioridade, chamando ele de burro. Faz bem para o ego e para o cérebro.
Outra: pode as idéias ruins no começo. Esta é polêmica. Eugênica. Mas se funciona com uma macieira, porque não funcionaria com uma mentalidade? A "idéia ruim" é muito subjetiva, mas geralmente ela é um ou mais dentre:
a) batida
b) chata
c) óbvia
d) interessantíssima, mas sem futuro.
A categoria d é, de longe, a mais difícil de renunciar. Mas temos que praticar o desprendimento. Nem anote esta idéia. Siga adiante e finja que não viu. Agora, quanto às boas idéias: não confie em "anotações mentais" quando tiver uma: pare onde estiver e anote.