8.6.07

Meus caseiros têm internet. Isso significa que cada vez mais gosto de ir ao sítio, porque o papo deles é interessante - ainda mais se comparado aos grunhidos de alguns antecessores, especialmente o pai que ameaçava o filho de seis anos o dia inteiro com "vou te pegá de pau!" e assemelhados.

Mas estes meus caseiros, não. Esses dois justificam a inclusão digital para mim, que cada vez vejo mais gente sem modos e sem ortografia pela internet afora (não estou falando de gente pobre, estou falando de gente burra e preguiçosa*.) Quer dizer, eu falo da Condoleezza e a caseira, Andréa, sabe quem é e tem fortes opiniões a respeito. Ela conversa de tudo: política internacional, nomes de bebê, música, tecnologia. Às vezes ela me conta alguma coisa de que eu não sabia. Como é bom poder elogiar alguém para variar.

O nome da caseira é Andréa, mas às vezes vem um lapso e a chamo de Cláudia ou Adriana. Posso ver porque alguém ficaria chateado com isso, posso mesmo, e por isso peço sempre muitas desculpas. Mas é que há esses nomes que são iguais apesar de completamente diferentes, como Rodrigo e Marcelo ou Diogo e Felipe. Cláudia e Andréa são um destes pares, e ainda por cima tem Adriana, que é quase Andréa, oras. Enfim, eu faço um esforço enorme para lembrar que é Andréa, mas na algumas vezes não tem remédio: eu pareço uma daquelas infames megeras burguesas que chamam todas as arrumadeiras de Maria porque não querem decorar os nomes da "criada nova".

Tenho uma teoria. Sou esquecida, avoada, disléxica, distraída, qualquer nome desses. Assim, tudo que aprendo, observo, deduzo e sinto flutua para o subconsciente, onde se criam as histórias - e ficam lá, fermentando. É por isso que sou capaz de escrever: é o esquecer para lembrar do Drummond em prática.


*Aliás, JP defende a idéia de exames de habilitação para tudo. Ou seja, quando um sujeito entrar num bar e pedir café, o garçom apresentará ao candidato um breve quiz sobre suas substâncias, a estrutura química da cafeína, os males do uso excessivo do dito-cujo etc. Se não souber responder, não ganha café. Quer dizer, ganha o descafeinado.