30.8.07

qualquer lugar pra onde se passe por concurso

Entre em qualquer repartição pública e filtre os pontos de exclamação ! ! ! Um alarido de viveiro que parece que todo mundo está com a bexiga cheia no frio. Mulheres sem tenência jogando a cabeça para trás para gargalhar e piruetando nos saltinhos para enfiar um relatório na máquina de xerox do corredor. Os homens tontos e incontinentes, sem saber para qual olhar, fazendo gracejos com voz rascante. Tremula a bandeira do Brasil lá fora. Ouço o início da sinfonia de O guarani.
MEDO de partilhar elevador com essa gente. Recíproco, o elevador inteiro estranha de volta: a minha falta de fair play e a minha falta de ‘roupitcha’ (clique para um exemplo prático). Quando estive desempregada quase fiz um concurso pra esse lugar, por chateação patermaterna. Eu teria passado.
Entra no elevador uma pessoa que tem compostura, decoro, recato e reserva: terceirizado ou consultor que não está com a vida ganha ainda.

23.8.07

Tempo

Há tempos em que se entra numa anorexia de leitura e escrita. Dos 13 aos 15 e meio fui mais ou menos assim. Eu configurei meu primeiro computador sozinha e mandei ver em muitos jogos. Matei muitos monstros, empurrei muita caixa, catei muita munição embaixo d'água. Eu jogava uns adventures esparsos, mas o grosso ia para a violência não-sublimada virtualizada. Se não consigo criar eu destruo com idêntica energia. Questão de qi e não de QI, o que muita gente não entende.
Agora estou me preparando para um momento de bingeing de leitura, com o ano que ganhei de presente para escrever. Vou poder ler tudo o que ando comprando. E é isso que vai me fazer escrever bem depois: mais tempo lendo que escrevendo. Mais tempo reescrevendo que enchendo páginas (bytes). Mais tempo pensando do que todas as anteriores.

22.8.07

Eu vou falar uma coisa horrível agora para quem não sabe ou não percebeu: esse país e eu nunca nos bicamos. Não digo que a culpa é dele ou é minha, mas nossas práticas são diferentes. Talvez eu seja uma nova espécie de brasileira ou uma velha espécie de inglesa ou japonesa, mas o fato é que não furo o sinal com minha bicicleta, não jogo papel na rua, valorizo extremamente o silêncio e a natureza, e detesto a obviedade de um olhar lúbrico eterno pregado à minha bunda. Me identifico mais com os índios autóctones do que com essa descivilização encruada que parece só saber poluir, gastar e desperdiçar.

Na fila da C&A eu vejo um pobre com vergonha de recusar o cartão da loja dizendo que sempre estoura o limite dos cartões que já tem e tem que completar no próximo mês, mas acaba fazendo o novo cartão por pura timidez; atrás de mim alguém diz que o tênis de 139,90 talvez não passe em seu cartão mas vai tentar assim mesmo; viro-me e vejo que é uma mulher com uniforme de faxineira. Eu nunca comprei sapatos tão caros, pois sei que eles não valem isso. Por que os pobres não têm estrutura para resistir ao consumismo e se sentir ultrajados ao ver que lhes querem empurrar algum supérfluo goela abaixo? A educação é uma parte da resposta, tenho certeza, mas não é só isso. Temos mesmo uma espécie de orgulho mal-ajambrado, uma cruza entre o célebre complexo de vira-lata conforme o batizou Nelson Rodrigues misturado a uma "consciência" de que agora seríamos uma "nação emergente" e próspera: preferimos revirar e comer lixo do que ir bater na porta da Casa Grande e exigir direitos. Quando um não agüenta e exige (“meu filho foi assassinado por policiais”), só então outras vozes se levantam: para barrá-lo, impedi-lo de se estressar, assegurá-lo de que nada vai mudar e pedir-lhe por favor que não seja chato. É a famosa turma do deixa-disso. Tudo isso já foi batizado e catalogado por um ou outro sensato, mas somos uma nação que gosta de chupar o óbvio até derreter para durar mais e que gosta de burocracia, portanto arquivamos o acórdão para deliberações futuras do relator.

Somos uma nação de personalidade complexa e distorcida. Talvez seja a personalidade do futuro, talvez seja uma característica que nos faça sobreviver aos piores perrengues que certamente a mãe-natureza reserva aos humanos nos próximos séculos, numa justíssima vendetta. Nós, que nos contentamos com pouco e na primeira oportunidade batemos um sambinha rasteiro, talvez logo tenhamos pouco para nos contentar. Nos ajustamos em qualquer lugar, mesmo nos mais desfavoráveis, como marias-sem-vergonha. Ou melhor, nós não, porque se os, hum, três-quartos não-brasileiros do meu caráter prevalecerem, eu pereço.
Acho que tenho que parar de ler críticas a novos autores em bloco... é tão gostoso poder dizer que todos são uma bosta. Eu mesma gostava, sempre tendo o cuidado de excluir meu nome do rol. Mas como ninguém prestava eu não lia ninguém e não sabia o que estava acontecendo nem o que tinha acontecido. Parei no meio de um oceano sem vento. Puxei a cordinha e liguei o motor (é um bote): resolvi ler o que está sendo feito agora e procurar realmente captar o que as pessoas têm a dizer, mesmo que a mensagem tenha vindo truncada.

Os resultados foram excepcionais. Logo divisei as genuínas fraudes, as que nada queriam dizer, dos que tentavam mas (por qualquer motivo) não conseguiram ou conseguiram pelo menos parcialmente. Havia os "isso não pode se perder, devo registrar o que vejo", havia os "minha vida é foda, os outros devem vivê-la através da minha autobiografia disfarçada", havia os "quero criar uma obra nesse estilo consagrado mas com a minha cara" e havia os "quero criar algo que diga algo".

Logo comecei a querer ler mais, visitar sebos, querer conseguir livros esgotados, russos, americanos satíricos, franceses do início do século passado - pois magicamente um livro puxa outro, e com alegria. Também melhorei como escritora, pois conseguia ver onde outros tinham falhado e os terrenos que já estavam esgotados. Também consegui ver matas virgens onde eu poderia me perder e onde, se o leitor quisesse, também poderia. Os bons livros antigos contêm caminhos considerados exauridos que hoje já floresceram novamente e podem ser transitados com bom proveito.
Um último aviso. Ler livros ruins pode ser bom para a saúde literária, mas ler livros horríveis só gera cinismo e desesperança. E ler livros bons e ótimos é sempre um exercício de humildade - mas ai, tão poucos! Recomendo Ada, do Nabokov.

18.8.07

As pessoas bonitas deviam escrever mais.
Cheguei a essa conclusão depois que tive que dizer não a uma poeta de rua. Você leu certo, uma poeta de rua. Eu sempre digo não aos poetas de rua, mas é a primeira vez que tenho que dizer não a uma.
Ah, mas por que você diz não a poetas de rua? Ora, bolas, não é óbvio que estão se escorando numa mitologia dos anos 70 de poesia-de-mimeógrafo para sobreviver? Se quisessem fazer poesia a sério, leriam muito, começariam num blog, ou em casa, melhorariam e só depois começariam a procurar uma editora. Eles pularam todas essas etapas. Por que será?
E nunca vi um poeta de rua estender seu livro para uma gordinha ou feiosa - alguns até se escondem das interessadas -, mas observei que pulam (literalmente) na frente da mulher bonita perguntando se ela "gosta de poesia". Também exibem o comportamento predatório dos empregados de financeira vestidos de fruta cítrica em relação às velhinhas solitárias, o que me agasta.
Como se tudo isso não me deixasse certa de que não era a sério, confirmei com uma amiga poeta (publicada e com sucesso) que leu o trabalho deles (teve essa pachorra): é nível de quinta série.
O que nos leva à minha teoria. Um dos grandes motores de toda atividade artística é atrair o sexo oposto (ou o mesmo, whatever). As pessoas bonitas logo percebem que não precisam escrever para isso, e as feias vão para a escrita por falta de alternativa. Afora os feios que escrevem coisas geniais sem muito esforço, a pessoa feia não se esforça muito para desenvolver o dom porque só os feios estão escrevendo, mesmo. Se mais pessoas bonitas escrevessem, talvez os feios se esforçassem para escrever muito melhor, pois a concorrência estimula melhores ofertas. E pelo menos uma pessoa bonita será um gênio que escreve coisas geniais sem muito esforço. Ou seja, só se tem a ganhar. O mesmo se aplica às demais atividades intelectuais.
Eu? Eu escrevo em causa própria. Para encantar pretendentes, prefiro um batom.

16.8.07

O problema de movimentos de orgulho (gay, negro, chamar a velhice de Melhor Idade) é bem óbvio. De "também sou gente" passa-se a "eu sou o máximo", e quem não concorda pode ser metralhado por acusações de preconceito. É que, numa sociedade cristã, liberar o orgulho é liberar um "pecado"; é liberar os piores instintos que a pessoa reprimia por medo de ir pro inferno; é inflacionar a auto-estima a níveis sem precedentes, porque nem todos têm uma filosofia laica ou mesmo pessoal por baixo para impedir que se achem mais importantes que o não-gay, o não-negro, o não-velho e comecem a se autoatribuir direitos extras completamente injustificados. Sim, tenho um exemplo.
Outro dia um velho deu uma encostada em mim numa fila e eu reclamei em tom normal: “O senhor pode manter distância, por favor?” A resposta irada dele foi: “Olha aqui, você respeite a minha idade!” E eu rebati: “E o senhor respeite a minha juventude!”. Ficou por aí.

15.8.07

Ficam me negando a nacionalidade porque não caio no estereótipo. Desconhecidos em supermercados.
Perguntei a um atendente onde ficava tal produto, ele me disse, e quando ele foi embora uma pessoa a meu lado soltou impromptu “você é daqui?”. Aconteceu várias vezes, muitas mesmo. É um incômodo real pros outros ver que nasci e cresci aqui no Rio e sou desbronzeada, educadinha, tenho ojeriza a roupas de jersey*, não gosto de ser interpelada por desconhecidos etc. etc.
Ao desconhecido do supermercado que me interpelou - lembro que virei para ele, estudei-o com uma cara intrigada, vi que não nos conhecíamos e que o tom da pergunta, apesar de ser uma indiscrição, era de pura curiosidade irreprimível - séria, respondi que sim.
- Mas não nasceu aqui.
- Nasci, sim. Nasci aqui.
- Nasceu no Brasil; mas não no Rio - afirma peremptoriamente o desconhecido.
- Sim, nasci aqui, no Rio de Janeiro.
- Ah... (longa pausa) Não parece!
Comecei a fazer a engenharia reversa dessas perguntas todas e suas respectivas ocasiões e a motivação me pareceu transparente. Incomoda o modo natural com que faço as coisas, como se estivesse familiarizada com elas, mas ainda assim não as aceitasse. Pego um ônibus, mas sento retinha. Realmente esse é um país para acomodados, e é só pelos incomodados que se faz força: pra marcar com a letra escarlate, ou melhor ainda, expulsar à base de muita pressão e invasão. E é claro que também não me conformo com isso.
Se eu fosse uma carioca normal, atenderia o desconhecido no supermercado já com um sorriso, que afinal ele teve o bom-gosto de prestar atenção em MIM!

*daquelas estilo mock-Pucci que andam em alta. Eu tenho uma delas, mas comprei como uma piada, para poder usar penteado alto e rímel junto. Nostalgia osmótica da Cruzeiro pesquisada na Biblioteca (de 60 a 70).
Ler é coisa de mulher

Mulheres brasileiras: larguem de comprar roupa e ver novela e de ler sobre gente que faz o mesmo.
Elas já foram nosso principal público leitor (tanto que Camilo Castelo Branco dirigia-se às suas "leitoras"), quando não trabalhavam. De repente, começaram a trabalhar e...
Será o trabalho?
Às vezes acho que devia haver duas modalidades de trabalho. Uma, a que existe hoje, oito horas por dia mais uma para o almoço, e a outra, meio-período, quatro horas por dia com salário reduzido. Porque no final do dia atual de trabalho, o cérebro vira suco.
Mas não funciona assim. Senão, por que os sábados vagando em círculos por shoppings superlotados? De onde sairia a energia para fazer uma hora de spinning? Sair para dançar? E pro barzinho?
Uma sugestão: da próxima vez que for destruir o cabelo com escovas progressivas para depois reidratar as madeixas prejudicadas, leve um bom livro para não apanhar germes daquelas revistas sebentas.
Claro que todo esse aparato - o cabelo que não pode ser uma palha e o regime e a academia - tem uma função subjacente. Só que, ao contrário do que ditam as tais revistas sebentas, um novo amor não vem pela roupa nova, pelo cabelo alisado, nem pela atitude sempre-à-procura. Pode vir com uma mudança de percepção... que uma boa leitura sempre causa. Mudança de dentro para fora, para variar.
Se o seu lance é competição, saiba que habilidades intelectuais sempre deixam um sorriso amarelo nas rivais, até porque são raras.
O mais bacana é que, como cada pessoa faz sua própria seleção do que vai ler, 1) as personalidades ficam muito mais bem-marcadas 2) há muito mais assunto na roda. É diferente de uma novela, por exemplo, de que todos viram o mesmo capítulo na noite anterior. Você viu aquela hora em que a prostituta vivida por Camila Pitanga leu A dama das camélias na novela das oito? Eu não vi, mas todos que assistiram a cena vieram falar comigo... e eu, que já li o livro, tive muito mais a dizer a eles do que eles a mim.
Então, quando o celular não pegar no metrô, abra o livro. Fila de dentista? Livro nela. De banco? Melhor ainda.
Carregue sempre um com você. Não dizem que bolsa de mulher tem de tudo? Então porque não um livro? Tire, sei lá, o secador. Ou aproveite a desculpa para comprar uma bolsa maior (e que seja uma das últimas atitudes fúteis).

PS: Se eu puser aqui "segure o seu homem" ou "como segurar seu homem", aposto como o público-alvo vai cair direitinho aqui. Essa dieta funciona tão bem quanto o final da novela das 8. Resenha de Melancia e morte a Bridget Jones. Os fins justificam os meios.

5.8.07

Tenho a impressão de que minha popularidade aumentará muito quando eu for velha. Poderei namorar um velho em corpo de velho, por exemplo. As velhas também me adoram, por algum motivo.
Outro dia tive que apertar algumas roupas (o regime teve bom termo) e entrei num recinto com três mulheres acima de 50 anos, não propriamente velhas, mas cada coisinha que eu falava ou agia acertava tão completamente em cheio, que saí (após desejar "bom trabalho" e receber calorosos agradecimentos) sendo seguida por três olhares já saudosos. Eu tentei pensar que era a solidão delas, encerradas as três ali o dia todo e sedentas de companhia, mas entraram mais umas duas mulheres deixando e levando roupas a ajustar e as costureiras não foram simpáticas além do necessário.
Como se precisasse de mais confirmação, entrei num sebo e perguntei pelos livros da Colette. O atendente coçou a cabeça e chamou o dono do sebo, que era um velhinho gênero Dumbledore sem barba. Ele sorriu e disse que os livros da Colette eram do tempo dele, enquanto o procurava. Não encontrou e tentou me empurrar um livro da Françoise Sagan, não de uma maneira shill (aumente seu vocabulário com Simone), mas de uma maneira graciosa (até por ter acertado na correlação). Agradeci e disse que tinha comprado um no dia anterior, o que era uma pena. Ele olhou a minha lista completa e disse, com um ar de admiração, que os meus livros eram muito difíceis de se encontrar. Agradeci embaraçada e saí, aquilo já estava virando flerte. Se JP não existisse, eu mais um pouco virava herdeira de sebo.
Eu realmente não faço de propósito, assim como não sou estabanada socialmente junto à "minha geração" de propósito. Às vezes sinto uma pressão para que "volte ao mercado", não "desperdice" minha juventude com um só (para desperdiçar com vários). Mas os jovens não me interessam, só os que são rabugentos, dizem que o frio acaba com suas juntas e batem nos outros com a bengala.
Estou transformando isso em conto, é claro.

2.8.07

Fiquei viciada em cadernos verticais. O que comprei na Papelaria União dizia na etiqueta: “caderno de taquigrafia”. Achei engraçado. Quem ainda usa ou sequer lembra do que é taquigrafia, afora os // que substituem “mente”?
A União, aliás, está encolhendo. Primeiro, surgiu aquela “butique de cafés” no subsolo. OK, café e livros combinam, mas de alguma forma aquilo já me deixou ressabiada, como o prenúncio da queda de um império. Hoje fui lá comprar meu bloco e quase parei na entrada: a União tinha virado uma saleta ao lado de um hipercool sushibar! Entrei na saleta, incrédula, e girei para medir as dimensões tão papelaria-de-bairro; divisei atrás da entrada uma escada que conduzia ao andar superior, com a plaquinha conheça nossa sobreloja!, ponto de exclamação. Subi. Lá em cima a União parecia refulgir em toda a glória do passado, cores claras, piso reluzente de colégio, prateleiras imaculadas, cadernos em pilhas exatas como se cortadas a faca – uma espécie de utopia TOC. Estudando-os de perto, porém, notei que os itens eram esparsos e danificados, como se o estoque estivesse acabando e nunca mais fosse ser reposto. Suspeitei que era essa a verdade.
Enquanto isso, saiu mais uma matéria no jornal sobre os cadernos Moleskine. Cadernos Moleskine me dão ódio. Me parece coisa de esquerdista com Audi que vai tomar capuccino no Espaço Arteplex (esqueci que Espaço de Cinema já não é mais o último grito da moda, aaah), onde, emproados, farão anotações estudadamente casuais (querem ser poetas ou estilistas ou artistas, sempre!) com uma caneta-fetiche e serão abordados por outro idiota (“Esse é um Moleskine?”) para uma conversinha estudadamente casual sobre tópicos idiotas. É preciso dizer que este tipo de gente pululava na minha faculdade, embora nem todos tivessem Audi. Agora que faz um terrível frio de quinze graus no Rio é fácil reconhecê-los: são os que se vestem de modo a fazer meu namorado me perguntar se por acaso erramos o caminho e viemos parar na Noruega. Um dia essas almas voltarão a lembrar (via imprensa) da União e a cobiçar seus bloquinhos, abandonando os Moleskines aos recados garranchosos da empregada.
A Casa Cruz vende um Moleskine da Tilibra por três e cinqüenta. Fui atrás do da União porque se encaixa na minha mão como uma bola de handebol (eu era a goleira, e boa, quando não me distraía com alguma nuvem). Escolhi o verde porque me lembra a encadernação dos Monteiro Lobato, mas também existe em preto-fórum e em moderno teal (azul-petróleo, mas juro que é verde). Recomendo.

P.S.: Quanto à história da recorrência de palavras exóticas: escrevi este post ontem e logo depois topei com um texto de jornal que falava de um escritor que tinha escrito todo o livro em um "bloco tilibra", hah.