5.10.07

Festival do Rio - o balanço final

Não vou falar dos filmes ruins. Até porque este ano eles não existiram. Todos tiveram ao menos algum valor no-nu-nutitri... adequado. Mas vou falar dos melhores.

I'm a cyborg but that's ok - Imagine Bicho de 7 cabeças filmado como comédia romântica e com um roteiro muito, mas muito melhor.
Brando - Durou duas horas e meia e não cheguei nem perto de ficar entediada. Esse documentário sobre Marlon Brando cobre todos os filmes do homem, até O grande motim. Um cartão-postal do filme informava que vai passar dia 28 de outubro, às 22h, num canal chamado TCM Classic Hollywood - não sei nem de que operadora é, mas não perca.
Tabu - Quero ser dançarina havaiana. Também por causa de Brando, mas este aqui foi o que me fez a cabeça. Mistura de Romeu e Julieta, Iracema e Rapa Nui. Mudo. Preto e branco. Atores nativos. Fotografia perfeita.
Amor fantasma - Mistura de Ingmar Bergman com David Lynch, em preto e branco. Not for the faint of heart. Mas é realmente um exemplo de como arte "cabeça" pode se esforçar pra construir sentido. As coisas postas na tela realmente têm uma simbologia, uma seqüência, uma interconexão; os personagens evoluem e as coisas fazem sentido - não só no final, mas depois de 15 minutos de filme. Contei cinco pessoas saindo durante a projeção, das quinze que tinham entrado.
O fim do mar - quantos filmes você conhece que têm um cego e conseguem desenvolvê-lo de forma interessante? Só isso já bastaria para recomendar esse filme. Acontece que o filme tem outras "gold coins" a partir da também aparentemente cansada premissa do cara que encontra a mulher perdida e decide abrigá-la e salvá-la. O encaixe das cenas é quase mágico. E os breakthroughs dos personagens são os mais redondos que já vi, nem um pouco forçados. E o final é satisfatório.
Paprika - Mistura de The cell com The Matrix e robôs gigantes, em anime.

O único filme ruim que assisti foi um curta francês de 20 minutos (que me pareceram 40) chamado Silencio, inserido de surpresa antes de O fim do mar. É aquela história do filme cabeça não se esforçar pra ter sentido. Aquilo era uma peça de propaganda contra a distribuição de moviolas a adolescentes drogados. Para se ter uma idéia, um velhinho atrás de mim começou a gritar TIRA ESSA MEEERDA! lá pelo 12o minuto. No final do filme, ele já estava destilando seu francês: UUU! C'EST LA MERDE!, e quando apareceu o nome do diretor, CONNARD! Normalmente eu pediria para uma pessoa dessas ficar quieta, mas meu espírito tinha ido dar uma volta fora do corpo.