13.6.08

Barbosa


O que me impede de deixar o Brasil até hoje são as seguintes coisas: 1) medo do inverno 2) medo de trabalhar como lava-pratos num diner e 3 e principalmente) o Barbosa. Seria muito ruim começar a repetir o final das frases das pessoas com voz de véio e elas não entenderem que estou imitando o Barbosa.
Até tempos atrás não tinha feito grandes amigos aqui, então porque não mudar para um lugar em que até o lixeiro que me cantou na rua me pareceu mais simpático? Por causa do Barbosa, é claro, óbvio, sintético. Porque toda vez que vem um gringo para cá, um gringo assim, da minha idade, eu consigo conversar com ele sem ouvir nada idiota por um longo tempo. Aconteceu com as sobrinhas suecas do meu padrasto e agora com a estagiária francesa do trabalho da minha mãe, a Floriane. Ela ficou toda feliz quando soube que o Daft Punk foi o show da minha vida e perguntou se eu conhecia o Justice (claro!). E de literatura?, perguntou ela. Citei alguns e ela me recomendou Stephen Zweig, seu preferido - que eu nunca li.
Eu fico tonta ouvindo essas coisas. Tenho vontade de me despachar na mesma hora para qualquer país desenvolvido via Sedex (a ECT é mais ou menos confiável). Eu sou uma estranha no ninho aqui. Mas lá, pra quem eu imitaria o Barbosa?