27.10.08

A mosca

Minha beleza exterior não tem nada a ver com minha beleza interior. Meu interior seria melhor expresso por um carinha de 35-40 anos num terno bem cortado, mas não almofadinha, com barba e bigode -- um vasto bigode. E não por uma menininha de 25 anos, etc.
O problema é que historicamente minhas duas faces nunca foram pareadas, não no mesmo corpo, e dá para se ter idéia dos motivos. (Não, não vou ser feminista.)
Esse interior quer observar, e não ser observado. Eu queria ser o olho que tudo vê, um ponto cego, algo quase invisível, sobre o qual quase nunca se volta o olhar, para ver sem ser vista. Uma she-creep. Uma testemunha. Mas oh, sina, eu sou um escritor e sua adorável esposa-troféu no mesmo corpo. Imaginem como os dois não devem se sentir.
Ser bonita devia ser uma coisa legal, e não chata, oras. Tenho que arrumar um marido-troféu, talvez. O risco seria perder a capacidade de observar as mulheres -- para levar uns beliscõezinhos invejosos, puxa, hein! vou escrever um livro também, hihihi.