3.11.08

Pedi uns livros aqui. Sempre peço, mas notável é que o Coisas frágeis do Gaiman veio com um canto amassado, que irónico.

Fiquei assombrada ao ler esse trecho do Reparação:
Começou a correr num ritmo tranqüilo pela grama e pensou que seria capaz de continuar assim a noite inteira, cortando o ar sedoso como uma faca, impelida pelo impulso férreo do chão duro sob seus pés e pela escuridão que parecia duplicar a sensação de velocidade. Briony tinha sonhos em que corria assim, depois se inclinava para a frente, abria os braços e, confiando na fé -- a única parte difícil, mas dormindo era até fácil --, desprendia-se do chão com um simples passo, sobrevoava a baixa altura sebes, portões e telhados, depois ganhava altura, aproximando-se, exultante, da camada de nuvens, vendo os campos lá embaixo, e depois descia outra vez. Sentia agora de que modo isso seria possível, apenas com a força do desejo; o mundo que ela atravessava correndo a amava e lhe daria tudo que ela quisesse, e permitiria que isso acontecesse. E então, quando acontecesse, ela o descreveria. Pois escrever não era uma espécie de vôo, uma forma realizável de vôo da fantasia, da imaginação?
..porque, duh, essa era eu com doze anos. Mas havia o reverso da moeda. A sensação de que o universo viria me pegar depois para fazer a cobrança (repo man) do que tinha me cedido. Eu tinha essa sensação especialmente em noites muito estreladas no campo -- não tinha muito problema em sairmos ou mesmo em cairmos na piscina de noite, então eu saía só para me sentir perseguida e agorafóbica, que delícia -- ou na varanda do apartamento. Mas acho que Reparação vai chegar lá, até porque vi o filme.

Bônus: vídeo do What else is there - Royksopp. haunting.
Não sei se gosto mais de quando ela passa pela floresta ou de quando ela desvia o pezinho do cachorro. (Ver também: Dublin)