14.3.09

O que eu, particularmente, considero ser um livro bom:

Ele é gostoso de ler, e não necessariamente viciante. Livros como O Código da Vinci são page-turners -- fazem você lê-los compulsivamente -- porque fisgam pela trama. Mas você não os leria uma segunda vez. Não aprendeu a se importar realmente com os personagens, não se apegou a eles, não vai lembrar dos dilemas morais que eles enfrentaram ou da angústia que sentiram em determinada situação. Estes livros você simplesmente engole como fast-food que são...

É a diferença entre ler para saber o que vai acontecer e ler para conviver com os personagens. Os bons heróis têm alguns defeitos também. Você se pega pensando neles horas, dias depois de ter terminado a leitura, pensando em como o acha original, lutador, desprezível, conflitado, obstinado -- humano, em suma.

Com o livro fast-food, não. Você pensa: droga! Acabou! Espero que o autor escreva a continuação logo...

Li certos livros na minha adolescência que parecem uma aula de como ser psicopata. O herói pode tudo, enganar quem seja, deixar para trás quem for, e de tudo escapa sem nenhum preço a pagar, única e simplesmente por ser o herói -- o foco da história! E, não, não há qualquer intenção estilística por trás disso, como no livro The fountainhead, de Ayn Rand, por exemplo (falta ler...). Nesses outros livros, basicamente se trata de oferecer ao leitor a oportunidade de vestir uma "pele" de vencedor durante algumas páginas. E quer saber? Nessa era de auto-ajuda, funciona. Massageia o ego. Como se certos pequenos leitores de hoje já não estivessem metidos o suficiente...

Já recomendei livros que li no passado. Dos atuais, gosto muito das séries Poderosa e Querido diário otário. Se eu tivesse uma filha, então, em vez de dar livros que provavelmente iriam ensiná-la a gostar de telenovela e se comportar como uma perua (para não dizer pior), como as séries Gossip Girl, Diário da Princesa, Celebutantes e coisas assim, acharia melhor dar um livro de fantasia que desenvolva a empatia -- o "se importar com os outros".

Claro que todos gostamos de bobagem, mas é bom intercalar. Afinal, entupir seu pequeno leitor de fast-food pode acabar tornando-o sedentário em matéria de exploração intelectual.

(Comprando pelos meus links ao Submarino, você ajuda nas contas aqui de casa. Obrigada.)