24.8.01

*Henfil na China

Juro que não sou de esquerda, juro que não sou de direita. Para mim as posições políticas pouco significam hoje, quando o PMDB aplica a Bolsa-Escola e Lula se abranda para chegar mais perto do pódio... Nada de errado! Para mim estão certíssimos ambos. E eu sou de centro.
Deixa eu chegar logo ao ponto. Eu li "Henfil na China" com uns 12 anos, idade com a qual eu sabia quem eram Roosevelt, Lincoln, Kennedy, Nixon e Reagan... e não tinha idéia de quem era Mao Tsé-Tung. Por isso foi um grande esclarecimento ler algo que vinha de fora da AFP e da Reuters. Um retrato fiel da China de 1977.
Reli "HNC" várias vezes. E hoje peguei nele de novo. Saborear a verve do Henfil... que falta que ele, e tantos outros, nos fazem. Também há o "Diário de um cucaracha", relato dos EUA, mas aí já não há tanta novidade.
Bom, lá vai o bizu; o trechinho que demonstra que Henfil criticou, não se fez de cego pro bem nem pro mal da China.
(continua...)

China entre o bem e o mal
(segundo Henfil)

O BEM: "Nada de cadeia. O assunto é discutido com a comunidade e deve ser uma parada torta. Imagine você pego roubando. Aí reúne todo mundo, sua família, seus vizinhos, todo mundo que vive bem próximo de você, e passa a discutir vários dias com você. Em todos os enfoques, inclusive o político. Só mesmo um masoquista vai roubar de novo e passar pelo vexame e pela discussão com a sua comunidade de novo. E precisa ser completamente maluco de roubar mais ainda só pra cair numa discussão com os camponeses chineses, com os donos da Revolução! Todo dia, depois do trabalho, reunião com o ladrão pra discutir, discutir, discutir o comportamento dele, e toma Mao e toma Marx e toma Lenin. Não há ladrão no mundo que resista a uma madureza destas.
O crime na China, realmente, não compensa."
O MAL: Nesse momento, ele tá contando um filme chinês (fictício) sobre a esquistossomose (real).
"O que mais me impressionou foi o momento em que Mao vai visitar a aldeia. Todos se animam, abrem suas janelas para ver a casa onde Mao vai ficar. Entra uma musica dizendo que "Mao é como o desabrochar das flores". (E a câmara mostra flores se abrindo.) Quando o chefe do posto volta de um encontro com Mao, todos querem apertar a mão que apertou a mão do Mao. O chefe do posto conta que Mao lhe disse que não conseguia dormir pensando na esquistossomose e aí o povo fica emocionadíssimo e alguns limpam as lágrimas reconhecidas. Se dessem uma câmera para os índios eles faziam algo melhor.
O filme se chama "As árvores raquíticas encontram a primavera"."

*(repostado do servidor defunto do Desembucha.com. São dois posts reunidos em um, pois o Desembucha tinha uma ridícula limitação de caracteres por postagem)