17.9.09

Me vejo como uma grande aliada do português, até quando ele não precisa e não quer ser defendido. Imagine que zelo pela beleza e expressão das frases até em folheto de equipamentos petrolíferos. Gosto que esse tipo de material seja o mais inteligível possível, sem aqueles cabedais de "de" e "ão" que os tradutores preguiçosos costumam fabricar. Nada de "Ampliação da valvulação da pressão". Nada de "escopo crítico". Na minha mão, "scope" é "âmbito" e "critical" é "crucial". (Às vezes, isso faz você perceber como o texto original não faz qualquer sentido, mas isso é outra história.)
Para defender o meu idioma, claro, tenho que conhecer bem o(s) outro(s). No caminho, me encanto por suas belezas (quando há) e peculiaridades (sempre há). O fato de eu aprender, me encantar e desfrutar de outro idioma, paradoxalmente, me torna melhor conhecedora e aliada do meu.
Paradoxo e ambiguidade, como sempre, são coisas que deixam certas pessoas aflitinhas. Na cabeça deles, servir a pátria deve ser se ensimesmar ao máximo, algo do nível tampar os ouvidos e fazer lálálá. Vejo que não são totalmente incapazes, mas me exaspera quererem me "acusar" de pretensiosa (pra mim não é acusação: de fato eu "pretendo" coisas) quando eles são tão obviamente cheios de si; e de "culturalmente colonizada", quando usam jargão dum ideário petrificado, em vez de ler as fontes e aplicá-lo aos tempos que correm.

Mudando de assunto, mas não muito: hoje, na faculdade, vi uma banquinha vendendo ímãs de geladeira do Marx (PlayMobil) e de outros pensadores. Eu queria o do Deleuze, mas não tinha; quase comprei o do Baudrillard. Mas tinha muitos espaços vazios. Aposto que o do Sartre acabou primeiro, >yawn<. É que o Sartre equivale a dizer: "sou feio, mas passo o rodo". Sim, tá bom.