14.1.10

Clarice Lispector

Um diálogo que dificilmente se tem comigo é aquele começado por "porque você está assim?". Eu digo logo o que me incomoda tão claramente quanto possível. Diria até que sou boa nisso. Não suporto drama e tento jogar limpo. Me esforço para me afastar da savana. Só perco as estribeiras quando vejo que a outra parte não está jogando limpo como eu - aí a savana estará bem pertinho, meu amigo.

Há mulheres capazes de tudo por um pouco de emoção à moda delas. Fazer chantagem emocional ("eu sou feeeia"), flertar e depois chamar o pretendente fisgado de louco, armar planos mirabolantes por um momento de inveja alheia, ficar num canto fazendo beicinho até alguém lhes dar atenção. Oh, será por que somos o sexo frágil e só nos restaram as armas mentais? Nesse caso, pra mim tudo isso podia desaparecer na evolução junto com o dedo mindinho.

Só para deixar claro porque não me identifico com muita personagem e ícone feminino por aí. Também não me resguardo numa imagem de intelectual séria e cheia de certezas que ninguém pode abalar. Acho as duas coisas igualmente chatas. Gosto das minhas descobertas e gosto de ser meio pateta. Gosto também de ficar na minha, o que quem não gosta de ficar na sua não tolera (ô, desde o jardim de infância). Não nasci para líder de nada, mas queria ter mais modelos femininos menos intensos, tipo a Selma Blair.

a Selma Blair